O Jogo

“Há quem queira que a derrota nos afete”

Prometendo uma equipa pronta para lutar pelos objetivos que restam, sabe que a pressão sobre as águias é grande

- MARCO GONÇALVES

Frisando não estar preocupado com o poderio evidenciad­o pelo FC Porto, agora líder da Liga à condição, o técnico encarnado sublinha que tudo pode mudar de um dia para o outro

Rui Vitória garante que o desaire por 4-0 em Dortmund não vai pesar e, pedindo cabeça fria à equipa, aponta ao que ainda há por ganhar.

Até que ponto a pesada derrota em Dortmund pode afetar a equipa para o futuro?

—Há quem queira que as coisas fiquem afetadas dessa maneira. É nestas alturas que tenho de relembrar os jogadores o que tem sido feito. Em 18 jogos em dois anos [na Champions], somámos pontos para o Benfica e para o futebol português. A caminhada que se fez foi dentro do que pensámos e todos temos de o sentir como muito favorável. É um motivo de orgulho. Mas não estamos resignados. Queremos lá voltar outra vez no próximo ano. E ficámos ainda mais preparados. Deus queira que toda a gente em Portugal some tantos pontos como nós. As pessoas não pensam nisso, mas vai ser bem preciso para o futuro, porque vamos ter menos equipas na Liga dos Campeões. Queríamos ganhar todos os jogos, não tendo isso acontecido, é preciso cabeça fria, porque há mais vida pela frente. Sabemos que há objetivos pela frente para conquistar. Cá estamos, prontos.

A eliminação pode dar, por outro lado, alívio físico para o final da temporada?

—Queremos competir com regularida­de e frequência. A mentalizaç­ão de jogar de três em três dias tem de ser um hábito. Não recusámos qualquer competição, nem nos escondemos. As equipas da Champions não têm tempo para treinar. Têm de repousar e preparar coisinhas ligeiras, porque a seguir há logo uma carga enorme. A vantagem é que vai dar oportunida­des a outros jogadores de mostrarem o que valem em processo de treino.

O FC Porto tem oito vitórias seguidas, o melhor ataque e a melhor defesa da Liga. Sente que está melhor do que o Benfica?

—Quero é ganhar o jogo de amanhã [hoje]. Depois temos o Paços de Ferreira. Faltam, eventualme­nte, 12 jogos, 12 finais. De vez em quando tudo muda de um dia para o outro. É como os interrupto­res: carrega-se, acende-se a luz, carrega-se, apaga-se a luz, ganha-se já somos muito bons, perde-se já somos muito maus.

A duas jornadas do clássico, tem o Benfica a mesma consistênc­ia que o rival?

—Façam vocês as compara- ções. A minha preocupaçã­o é com a minha equipa e em ganhar os jogos que temos pela frente, sejam eles contra que adversário for. Quando nos enfrentarm­os cá estaremos.

Como recebeu as críticas que lhe foram feitas após a derrota em Dortmund?

—Vejo sempre as críticas como uma forma de aprendizag­em e de melhoria, mas não me abalam sobremanei­ra. Da mesma forma que os elogios não me deixam nas nuvens, não são as críticas que vão tirar o nosso sentido de trabalho. Respeito, oiço, mas como com

os elogios passo à frente.

Não conseguiu desta vez chegar aos “quartos”...

—Se fosse fácil havia muita gente a lá ir e muitas equipas portuguesa­s a lá ir com mais frequência. Nos últimos anos, foi o Benfica no ano passado, o FC Porto em 2014/15. As duas saíram com o Bayern Munique, nós por um golo, o FC Porto por mais [a eliminatór­ia acabou 7-4 para os bávaros]. Já tinha sido também o Benfica com o Chelsea. Quando se vê um jogo, é como se se estivesse a olhar para um quadro ou para uma peça, e não se sabe se ensaiaram todos, se alguém esteve doente. Hoje faria praticamen­te a mesma coisa perante os jogadores que tinha à disposição. Uma coisa era ter Jonas e Mitroglou a trabalhar em contínuo nos últimos 15 dias e saber as rotinas de trabalho e de pressão que era necessário fazer. Não tendo, tem de se arranjar outra forma.

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