“Há quem queira que a derrota nos afete”
Prometendo uma equipa pronta para lutar pelos objetivos que restam, sabe que a pressão sobre as águias é grande
Frisando não estar preocupado com o poderio evidenciado pelo FC Porto, agora líder da Liga à condição, o técnico encarnado sublinha que tudo pode mudar de um dia para o outro
Rui Vitória garante que o desaire por 4-0 em Dortmund não vai pesar e, pedindo cabeça fria à equipa, aponta ao que ainda há por ganhar.
Até que ponto a pesada derrota em Dortmund pode afetar a equipa para o futuro?
—Há quem queira que as coisas fiquem afetadas dessa maneira. É nestas alturas que tenho de relembrar os jogadores o que tem sido feito. Em 18 jogos em dois anos [na Champions], somámos pontos para o Benfica e para o futebol português. A caminhada que se fez foi dentro do que pensámos e todos temos de o sentir como muito favorável. É um motivo de orgulho. Mas não estamos resignados. Queremos lá voltar outra vez no próximo ano. E ficámos ainda mais preparados. Deus queira que toda a gente em Portugal some tantos pontos como nós. As pessoas não pensam nisso, mas vai ser bem preciso para o futuro, porque vamos ter menos equipas na Liga dos Campeões. Queríamos ganhar todos os jogos, não tendo isso acontecido, é preciso cabeça fria, porque há mais vida pela frente. Sabemos que há objetivos pela frente para conquistar. Cá estamos, prontos.
A eliminação pode dar, por outro lado, alívio físico para o final da temporada?
—Queremos competir com regularidade e frequência. A mentalização de jogar de três em três dias tem de ser um hábito. Não recusámos qualquer competição, nem nos escondemos. As equipas da Champions não têm tempo para treinar. Têm de repousar e preparar coisinhas ligeiras, porque a seguir há logo uma carga enorme. A vantagem é que vai dar oportunidades a outros jogadores de mostrarem o que valem em processo de treino.
O FC Porto tem oito vitórias seguidas, o melhor ataque e a melhor defesa da Liga. Sente que está melhor do que o Benfica?
—Quero é ganhar o jogo de amanhã [hoje]. Depois temos o Paços de Ferreira. Faltam, eventualmente, 12 jogos, 12 finais. De vez em quando tudo muda de um dia para o outro. É como os interruptores: carrega-se, acende-se a luz, carrega-se, apaga-se a luz, ganha-se já somos muito bons, perde-se já somos muito maus.
A duas jornadas do clássico, tem o Benfica a mesma consistência que o rival?
—Façam vocês as compara- ções. A minha preocupação é com a minha equipa e em ganhar os jogos que temos pela frente, sejam eles contra que adversário for. Quando nos enfrentarmos cá estaremos.
Como recebeu as críticas que lhe foram feitas após a derrota em Dortmund?
—Vejo sempre as críticas como uma forma de aprendizagem e de melhoria, mas não me abalam sobremaneira. Da mesma forma que os elogios não me deixam nas nuvens, não são as críticas que vão tirar o nosso sentido de trabalho. Respeito, oiço, mas como com
os elogios passo à frente.
Não conseguiu desta vez chegar aos “quartos”...
—Se fosse fácil havia muita gente a lá ir e muitas equipas portuguesas a lá ir com mais frequência. Nos últimos anos, foi o Benfica no ano passado, o FC Porto em 2014/15. As duas saíram com o Bayern Munique, nós por um golo, o FC Porto por mais [a eliminatória acabou 7-4 para os bávaros]. Já tinha sido também o Benfica com o Chelsea. Quando se vê um jogo, é como se se estivesse a olhar para um quadro ou para uma peça, e não se sabe se ensaiaram todos, se alguém esteve doente. Hoje faria praticamente a mesma coisa perante os jogadores que tinha à disposição. Uma coisa era ter Jonas e Mitroglou a trabalhar em contínuo nos últimos 15 dias e saber as rotinas de trabalho e de pressão que era necessário fazer. Não tendo, tem de se arranjar outra forma.