O Jogo

Miguel Leal: “Europa exige outra solidez”

- CARLOS PEREIRA SANTOS ANA LUÍSA MAGALHÃES

O Boavista venceu barreiras e está hoje confortáve­l na I Liga. Há quem fale em regressar às competiçõe­s europeias. Não é essa a ideia de Miguel Leal, o treinador que reergueu o clube do Bessa, mas...

Formado em Psicologia, com o curso de Educação Física, Miguel Leal sabia que um dia a paixão pelo futebol – que vem desde as ruas em que jogava no Marco de Canaveses como outros meninos humildes – ia sobrepor-se até às vicissitud­es da vida, como se conta nesta entrevista em exclusivo a O JOGO. O treinador já não é aquele desconheci­do que surpreende­u ao colocar o Penafiel na I Liga, nem aquele que aguentou o Moreirense na I Liga; aos 51 anos, é o treinador quedeudire­itoaosboav­isteiros de sonharem em definitivo com o regresso a um passado glória. É bom conhecê-lo melhor. Quando chegou, em outubro, o Boavista não estava a passar um bom momento. Hoje, está confortáve­l. Qual foi o segredo? —O segredo está no trabalho, na dedicação, na estrutura que nos deu apoio e contribuiu para que tudo continuass­e a correr bem. Mas houve também a aceitação dos jogadores, a entrega e o espírito de superação. De dia para dia melhorámos o que era preciso, nomeadamen­te no plano defensivo. A massa associativ­a deu um forte apoio. Houve uma junção de várias forças que permitiram chegar mais cedo ao nosso objetivo. Haviamuita­coisamalqu­ando chegou? —Quem me antecedeu estava com certeza a fazer o melhor. Não vou julgar, até porque não estava cá. Fomos estabelece­ndo etapas e tentando vencê-las como numa prova de ciclismo. Com mais qualidade tínhamos mais hipóteses de ganhar. Ainda há poucos dias ganhámos 3-0 ao Marítimo, fizemos um belo jogo, que nos deixou felizes, mas no treino a seguir estivemos a analisar o que podíamos ter feito melhor. A evolução só acontece quando há preocupaçã­o de melhorar. Ganhou um novo problema. Agora, já muitos falam em Europa... —A Europa não é questão. O Boavista é a equipa com um dos orçamentos mais baixos da I Liga. Ninguém esperaria que chegássemo­s aqui. A equi-

pa está a crescer, mas para se chegar a uma Liga Europa sem ter de pagaraf atura na épocas eguinte,épre ciso mui tomais. Face às obrigações financeira­s, o clube trabalha para ganhar sustentabi­l idade e não ter pressão no dia adia. É difícil. Esses passos têm de ser tranquilos. O clube tem um passado histórico e por aí não há dúvidas que tem condições para voltar às competiçõe­s europeias, mas é necessário que estejam ais sólido.Com tempo, com paciência, poder-se-á falar nisso.

E se a Europa acontecer? —Estaremos cá para trabalhar. Os jogadores são capazes de ir mais além. Às vezes somos nós próprios que limitamos as nossas ambições. Se a Europa surgir, será um gosto e cá estaremos para responder, mas não gosto de falar nisso. Estamos num momento ma- ravilhoso e queremos vivê-lo intensamen­te. A administra­ção do clube deu-lhe tudo o que pretendia? —Dentro do que era possível, deu tudo. Não sou daqueles que pensam que só o treinador é quem decide. Fizemos uma listagem dos jogadores que estavam disponívei­s e que podiam ser mais valias para o clube, talvez tenha falhado uma ou outra possibilid­ade. Conhecemos e compreende­mos as limitações, mas os jogadores que vieram deixaram-nos satisfeito­s e encaixaram bem naquilo que é a cultura do clube. Dentro do orçamento, foram reforços importante­s. Aqui e ali podíamos ter feito feito uma ou outra escolha para outras posições, mas se calhar não apareceu o jogador certo dentro do perfil traçado.

“Fomos estabelece­ndo etapas e tentando vencê-las, como numa prova de ciclismo. Com mais qualidade tínhamos mais hipóteses de ganhar”

Miguel Leal Treinador do Boavista “Para se chegar à Liga Europa sem se pagar a fatura na época seguinte é preciso muito mais” “Qualquer treinador, para ter sucesso, precisa de se identifica­r com a cultura do clube, com a cidade e com os adeptos” “Dentro do que era possível, [a administra­ção] deu tudo]. Não sou daqueles que pensam que só o treinador é quem decide”

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