O Jogo

DRAMA FAMILIAR QUASE DITOU FIM DA CARREIRA

Miguel Leal estreou-se nos bancos em 2001, mas as doenças dos pais, esposa e filhos desviaram o futebol para segundo plano. Decidiu voltar após ser adjunto de Couceiro

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A vontade de treinar só voltou a ganhar espaço após uma experiênci­a bem sucedida na Turquia, no apoio a José Couceiro. O Penafiel abriu as portas em Portugal a um percurso, até agora, imaculado

Miguel Leal cumpre a terceira época na I Liga e novamente com os principais objetivos alcançados, depois de ter garantido a permanênci­a ao Moreirense em 2014/15 e 2015/16. No entanto, houve uma fase em que a carreira de treinador parecia uma simples miragem.

“Se calhar até fui dos treinadore­s que mais cedo começou a treinar, no Marco, em 2001. Mas, nessa altura aconteceu muita coisa que me obrigou a passar o futebol para segundo plano. Os meus filhos, pequeninos, tiveram doenças e a minha mulher e os meus pais também adoeceram. Durante oito anos, andei no futebol como segunda opção e cheguei a pensar que nunca seria treinador”, lembra Miguel Leal. A situação, entretanto, estabilizo­u e o marcuense rumou à Turquia, em 2009/10, para ser adjunto de José Couceiro no Gazianteps­por. “Gostei da experiênci­a e foi ali que decidi que ia ser treinador. Só que eu nunca tinha tido uma relação muito próxima com empresário­s e não estava ligado a nada...”, completa. Acabou por ser o Penafiel a abrir uma porta que até não parecia muito interessan­te, mas era, sem dúvida, melhor que não ter um projeto – treinar a equipa de juniores. “Não tinha nada a perder, aceitei. Fomos campeões nacionais, subimos de divisão, fui convidado para os seniores elevei o Penafiel para aI Liga ”, explica Miguel Leal, em revista a um percurso que nunca se mostrou fácil, desde o momento em que o técnico percebeu que nunca faria uma grande carreira enquanto jogador profission­al e optou pelos estudos: “Era de uma família humilde, estudava durante o dia e ia treinar nos clubes da distrital para ganhar dinheiro. A minha vida não foi fácil, nem para tirar o curso, nem par achegara quico mo treinador. Sou daqueles que andaram debaixo par acima. Demorei 20 anos achegaràI Liga, há muita gente que consegue logo no primeiro ano, mas eu não me queixo disso, cada um tem o seu percurso.”

Curiosamen­te, a formação académica acabou por ser à medida de um treinador de futebol, com a licenciatu­ra em Educação Física e o doutoramen­to em Psicologia. Apesar de até admitir que gostava de ter um psicólogo na equipa, Leal dedica muito tempo à motivação dos jogadores. “Se eu não trabalhar a mente, por muita tática ou corrida que haja, não adianta. Começa tudo na cabeça dos jogadores”, vinca. Outra grande preocupaçã­o é a observação dos adversário­s: “Eu próprio vejo muitos jogos ao vivo, sei que não é muito normal hoje em dias os treinadore­s fazerem isso, mas eu gosto.”

“O futebol era segunda opção e pensei que nunca seria treinador” “Sou daqueles que andaram de baixo para cima. Demorei 20 anos a chegar à I Liga” Miguel Leal Treinador do Boavista

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