O Jogo

O diário de Iker

Os festejos de Maxi vistos pelos adeptos: o “infiel convertido” foi “cereja no topo do bolo”

- ANDRÉMORAI­S BRUNO F. MONTEIRO

O treinador pede-lhe que seja um guarda-redes de ataque, antecipe os rivais e todos os movimentos que faça sejam para se aproximar da bola. É só ver as defesas no Estádio da Luz...

A semana de Casillas foi, em tudo,igual às anteriores. O espanhol tem mais clássicos do que qualquer outro dos jogadores que pisaram a Luz e, ainda que tenha admitido que continua a sentir o nervoso miudinho dos grandes jogos, não precisa propriamen­te de uma preparação especial. O que não tem sido igual às anteriores é a época do guarda-redes espanhol, verdadeira­mente decisiva no cresciment­o do FC Porto e no reencontro da fama que marcou o início de século e o levou a títulos e mais títulos. O que mudou

afinal na vida e no jogo de Iker? Juan Carlos Arévalo, o treinador do guarda-redes na primeira época em Portugal, acredita que a culpa é do fantasma do Real Madrid, que finalmente foi embora. Rui Barbosa, o atual treinador, prefere acreditar no trabalho que o fez evoluir. Apesar de já ter 35 anos, Casillas assumiu junto do atual treinador de posto específico que ainda pode melhorar. Foi, também, com base na opinião do que o “portero” considerav­a serem os seus pontos menos fortes que foi construída a sua preparação semanal. Rui Barbosa, que chegou do Rio Ave a pedido de Nuno, introduziu coisas novas e pediu-lhe essencialm­ente que fosse um guarda-redes de ataque. Ou seja, que saísse da baliza, an-

tecipasse os lances e tudo o que fizesse fosse no sentido de se aproximar da bola. Foi o que sucedeu, por exemplo, quando aos 65’ salvou uma bola que Jonas já via entrar na baliza aberta. E remeteu a seguir em dois movimentos de ataque frontal. Chamaramlh­e instinto, mas é na verdade uma das páginas do seu diário de trabalho, que aqui lhe damos a conhecer.

Na coluna ao lado apresentam­os-lhe, dia a dia, a semana da preparação do herói do clássico, idealizada por Rui Barbosa, mas ao encontro às necessidad­es do número 1. O foco no jogo começa ao terceiro dia da semana, quando lhe são apresentad­as as primeiras movimentaç­ões-tipo do adversário que vai defrontar. Ao quarto dia, a preparação torna-se ainda mais específica, ao quinto transforma-se em psicologia. O guarda-redes volta ao trabalho mais tipificado e insiste nos reflexos e nas tomadas de decisão. Os três lances em que foi decisivo na Luz também lhe vão lembrar este tópico.

Rui Barbosa não teve problemas para, há uma semana, explicar aos alunos da UTAD, como prepara os guarda-redes do FC Porto. O individual fica para ele, mas O JOGO sabe que há uma grande cumplicida­de entre treinador e jogador e uma análise constante ao erro, mesmo aquele que é invisível aos olhos dos adeptos, como qualquer trajetória ou defeito de posicionam­ento. É que apesar da experiênci­a e de em Espanha ter sido sempre sujeito a muito trabalho técnico, Casillas continua a ser aperfeiçoa­do a esse nível, especialme­nte no primeiro e segundo treino da semana. Nas saídas do poste evoluiu muito, ainda que para evitar o erro prefira socar do que tentar agarrar. Mas a grande evolução que experiment­ou com Rui Barbosa deu-se no jogo de pés e o espanhol já o confidenci­ou a vários amigos. Hoje, sente-se mais confortáve­l para ajudar a equipa a sair a jogar por pontos estratégic­os e muito mais confiante quando recebe apertado.

O que Rui Barbosa espera de Casillas e qualquer guardarede­s do FC Porto? “Que seja comunicati­vo, que domine o espaço aéreo e o jogo com os pés, seja rápido nas ações e transições e um líder”, disse na UTAD

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