“Melhor a Liga passar para a Federação”
Carlos Pereira entende que o conceito inicial foi desviado e critica-se a ele próprio por ter apoiado e ajudado a criar o projeto
A Liga continua a ser olhada de lado por Carlos Pereira. Até ajudou a criála, mas desde há algum tempo que é um dirigente desiludido com a gestão de Pedro Proença e... cada vez mais
O presidente do Marítimo não tem dúvidas de que a Liga devia voltar para a alçada da FPF. Quando lhe perguntámos se continua a ser um dirigente crítico em relação à gestão da Liga, ataca, num estilo muito próprio...
“Sim, continuo a ser crítico em relação à Liga. Olho com desconfiança por aquilo que são os custos que a própria Liga está a ter, por aquilo que tem sido a dificuldade de sponsorização da própria Liga.” Não é o pai da criança, mas ajudou a criá-la e defendese: “Ajudei a criar a Liga num determinado conceito que não tem nada a ver com aquilo que ela é hoje. A Liga hoje é um departamento da organização de jogos”...
No fundo, entende o presidente do Marítimo que a estrutura pouco faz em relação às expectativas criadas. E reforça o ataque... “Um departamento desses, com o custo que a Liga hoje tem, leva-nos a pensar seriamente se valerá a pena continuar com a Liga. Andou muito para trás em relação ao conceito com que foi criada.” Por isso, diz Carlos Pereira, “é um erro continuarmos a pensar que vamos no bom caminho... Não vamos... Seguimos um caminho cheio de buracos, armadilhado, cheio de problemas. Quase diria que a Liga está toda penhorada e qualquer dia poderá entrar num processo de insolvência”.
Em causa, na ótica do dirigente, está também o poder que a Liga deixou de ter... “A Liga hoje tem assento na Federação, mas é como se não tivesse. Perdeu a Arbitragem, perdeu a Disciplina... Só tem uma Comissão de Inquéritos!”... Irónico, completa: “Ah, e uma organização de jogos, mas os custos para essa organização são imensos. Hoje, qualquer departamen-- tozinho da Federação faz a organização de jogos com uma facilidade grande e com muito menos custos. Os clubes sentir-se-iam muito mais confortáveis.”
Argumentando precisamente com esse “esvaziamento” de poder, Carlos Pereira traça o caminho que entende ser o melhor: a Federação. “O poder de angariação da FPF, o poder de imagem, a confiança hoje depositada, quer pelas instâncias nacionais e internacionais, levam-me a criticar-me a mim próprio porque fui um dos que ajudaram nas alterações, mas a cada passo que nós, clubes, damos sentimos que estamos mais perto do abismo. Antes de termos de pagar uma fatura enorme ao que é o custo da Liga e face à diminuição de receitas, é melhor parar, pensar e provavelmente entregar de novo à Federação Portuguesa de Futebol, o que é a organização de jogos da própria Liga.”
“A Liga tem assento na FPF, mas é como se não tivesse. Perdeu tudo”
“Não estamos no bom caminho. Estamos a caminho do abismo”
Carlos Pereira
Presidente do Marítimo