Leão engata a quinta
Melhor série de vitórias da temporada no ensaio para a receção ao Benfica
Jesus: “Dérbi? É um jogo que queremos ganhar”
O V. Setúbal entrou corajoso, virado para o ataque, pressionante e sem antijogo, mas deu-se mal. Encurralou o leão de início, até que William se fez ao caminho... e mexeu com tudo
Nas últimas semanas, Jorge Jesus falou várias vezes da importância dos “mind games” e foi aí que começou a ganhar o jogo de ontem, no Bonfim. Atirou farpas à oposição por alegadamenteossadinosfazerem muito antijogo, ferindo o orgulho adversário, que respondeu com uma estratégia arrojada, raiva e vontade de atacar, saindo a pressionar o Sporting perto da sua área. Isto deixou espaço atrás que, sem recurso a faltas – ou antijogo – para travar uma saída rápida dos leões, se revelaria decisivo para o golo inaugural de Gelson Martins (1-0, aos 20’), que mudou completamente a cara do jogo. A partir daí, só deu Sporting...
Os visitantes acabaram por sair de um campo crítico na época em curso (onde venceram “in extremis” na Taça de Portugal e caíram de modo polémico na Taça da Liga) com um triunfo sólido, convincente, sem contestação, motivador e ainda garantindo Gelson Martins no dérbi e mais um golo para ajudar Bas Dost a ser o Bota de Ouro (marcou o 3-0, aos 62’ com ajuda do parceiro Alan Ruiz na que Jesus considerou a “melhor dupla” da Liga, e chegou aos 28 na prova, superando Messi, que joga hoje).
O Sporting começou a apoderar-se do jogo quando Alan Ruiz começou a ter bola – com William a dominar o miolo e Adrien a ganhar ritmo, ainda sem o brilho de outras fases. O argentino deu a pausa necessária ao ataque e com qualidade técnica foi superando linhas, procurando depois os movimentos de rutura dos alas Bruno César e Gelson, endiabrados, mais uma vez. O 77 desatou o nó apontando o 0-1 (20’), com oportunismo a fazer o que Bas Dost não conseguiu perante a pressão de Frederico Venâncio. O V. Setúbal, pese embora a pressão inicial, rondava a área leonina sem criar real perigo para Rui Patrício. Com um golo de diferença em contra, pontuar ainda estava no horizonte de José Couceiro, e os sadinos nunca desistiram de atacar (só na primeira parte dispuseram de seis cantos!), mantendo até final, no entanto, a dificuldade de entrar na área e gerar oportunidades claras. Ao contrário do Sporting, que conseguiu dar expressão à superioridade (William marcou o golo da tranquilidade, aos 55’; Bas Dost rematou o triunfo, aos 62’), provando porque é a equipa mais concretizadora fora de casa, agora com 27 golos longe de Alvalade.
Com a vitória de ontem, o Sporting mantém o embalo: foi o quinto triunfo seguido e o nono jogo sem perder, o melhor ciclo da época verde e branca na antecâmara da receção ao Benfica, que pode virar a Liga. Atirou ainda pressão para o FC Porto, que está provisoriamente a quatro pontos, e viu também as águias vencerem ontem. A única má notícia para os leões foi ver Marvin amarelado e, como tal, afastado do dérbi, o que significa voltar a mexer na posição mais instável durante a época.
O V. Setúbal, que nesta Liga roubou cinco pontos ao Benfica e quatro ao FC Porto, não conseguiu tirar nenhum ao Sporting e, assim, perdeu a possibilidade de repetir um registo que não se vê no Sado há 20 anos, desde a temporada 1997/98. Os sadinos seguem, contudo, tranquilos a meio da tabela, com 35 pontos.