O Jogo

Projeto de um Braga campeão sem ser na PlayStatio­n

- Miguel Pedro

1.O leitor desta crónica decerto estranhará não encontrar nela referência ao jogo de ontem, entre o SC Braga e o FC Porto. Razões editorias levam a que tenha de escrever este texto antes de ver o jogo, o que torna a tarefa ingrata, porquanto o mesmo só será lido após o encontro. Por isso, limito-me, aqui, a uma breve referência sobre as expectativ­as que tenho para o duelo nortenho e poderá ser interessan­te para o leitor confrontar tais expectativ­as com aquilo que foi, em concreto, o jogo. A leitura dos jornais ao longo da semana deixavam a coisa negra para os arsenalist­as: jogadores importante­s continuam lesionados, o recurso a jogadores da equipa B para suprir a falta de jogadores lesionados (tem sido um hábito esta época), uma equipa que, apesar da boa série de seis jogos sem perder, ainda não demonstra nem transmite aos adeptos confiança suficiente para encarar o jogo de forma positiva (como em anteriores épocas). Além disso, um FC Porto que necessita de ganhar o jogo “custe o que custar” (e isso assusta-me, na verdade…). Na passada quinta-feira, este mesmo jornal trazia um artigo no qual referia, demonstran­do que, quando joga contra clubes que lutam pelo título, o SC Braga sempre perdeu nos últimos cinco anos. Resta-me a esperança de que a equipa se supere, como muitas vezes acontece nestes jogos importante­s, sendo que os melhores jogos que vi o Braga fazer esta época foram contra os ditos “grandes”… A ser assim, ganharemos “against all odds”.

2. António Salvador apresentou esta semana a sua candidatur­a. Fê-lo com toda a pompa e circunstân­cia próprias da tradição americana das campanhas eleitorais. Pelos primeiros indícios, esta campanha assemelha-se a uma verdadeira luta entre David e Golias, pois os meios parecem desiguais. É normal que assim seja. Gostei do que Salvador disse no seu discurso de campanha e da vontade expressa de ganhar o campeonato nos próximos quatro anos, vontade que Pli Peixoto já tinha, também, demonstrad­o. Lembro-me de ter ouvido há uns anos Jorge Jesus, então treinador do SC Braga, no final de um encontro contra o Benfica, manifestam­ente desgastado com a arbitragem tendencios­a, proferir a célebre frase: “Braga campeão? Só se for na PlayStatio­n…” É que nesta luta desigual pelo campeonato, os Golias são os outros, os tais “grandes”. Lembramse dos “incidentes” do túnel quando estávamos quase a chegar lá, ao topo da classifica­ção?

3. O lamentável incidente em Dortmund trouxe a ameaça do terror de novo ao futebol (depois de Paris e de Istambul). Mas trouxe, também, a solidaried­ade e o verdadeiro espírito olímpico como reação ao terror. Os adeptos dos dois clubes tornaram-se amigos, partilhara­m refeições, ofereceram abrigo e dormidas. Uma das origens do olimpismo está ligada ao conceito grego de trégua olímpica (Ekecheiria): naqueles longínquos tempos, os jogos olímpicos eram o momento em que os inimigos das várias cidadesest­ado gregas esqueciam os conflitos, conviviam e faziam-se amigos. É o que deve ser o desporto.

Gostei do que Salvador disse no seu discurso de campanha e da vontade expressa de ganhar o campeonato nos próximos quatro anos

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