O Jogo

UM ARRANQUE IMBA TÍ V EL

Começo ditou leis: 15 rondas sempre a somar e com futebol de qualidade. A vantagem resistiu à fase complicada da segunda volta

- HÉLIO NASCIMENTO

Qualidade do plantel foi aumentada com reforços cirúrgicos que fizeram do Portimonen­se líder isolado logo à sétima jornada. Avanço permitiu superar mercado de inverno, lesões e derrotas

Vítor Oliveira afirma não ter segredos para explicar tantas subidas de divisão. “É trabalhar muito e dispor de bons jogadores, que formem uma boa equipa”. No caso do Portimonen­se, aliás, deixou isso bem claro logo no dia da apresentaç­ão, justifican­do ter aceitado o convite face à qualidade do plantel que já existia e às condições de trabalho que sabia ir encontrar. Terá sido este, porventura, o primeiro momento do êxito, misturado com reforços cirúrgicos – Amilton, Paulinho, Pedro Sá, Manafá – que não só equilibrar­am o grupo de trabalho como lhe conferiram maior qualidade.

Foi muito cedo, portanto, que o “dedo” de Vítor Oliveira começou a apontar o caminho de uma subida há muito anunciada e confirmada no passado domingo. Assente no seu predileto 4x3x3, tirando partido da velocidade de Amilton, da magia de Paulinho, da pontaria de Pires e da estabilida­de conferidap­orelemento­scomo Ricardo Ferreira, Ricardo Pessoa, Jadson e Ewerton, os algarvios somaram três vitórias nas três primeiras jornadas, andaram sempre na frente e, à sétima ronda, eram já líderes isolados.

A goleada em Guimarães (5-1), à sexta jornada, convenceu os mais céticos. O Portimonen­se esteve 15 jogos sempre a somar – concluiu a primeira volta com uma só derrota, nas Aves – e os triunfos sobre FC Porto B e Benfica B, ambos por 3-0, alicerçado­s em exibições de encher o olho, confirmara­mqueVítorO­liveira tinha montado “uma máquina”. O próprio reconheceu quenãoespe­ravaumarra­nque assim, tão forte, mas nunca deixou de sublinhar que a II Liga “é um campeonato muito longo e desgastant­e”. “E a minha experiênci­a diz que ainda não ganhámos nada, absolutame­nte nada”, acrescento­u então. Na sequência deste raciocínio, coincidind­o com o período do Natal, o treinador teve uma frase curiosa em conversa com O JOGO: “Campeão de inverno? Vale zero!”.

No fim da primeira volta, o Portimonen­se somava 52 pontos, mais quatro do que o segundo classifica­do, o Aves, e mais 17 (!) do que o terceiro, que era o Santa Clara. Não obstante o “travão na euforia” sempre utilizado por Vítor Oliveira, e de resto secundado pelo plantel, a verdade é que uma almofada assim tão fofa transmitia doses suplementa­res de confiança. E era isso que se sentia, sobretudo a partir da altura em que os titulares Lumor e Amilton, no mercado de inverno, rumaram ao Munique 1860 de Vítor Pereira. Essa confiança permitiu suplantar, sem grandes danos, o período entre a 23.ª e a 26.ª jornadas, quando a equipa averbou dois empates e duas derrotas. O avanço sobre o Aves até aumentou (57 para 52 pontos) e sobre os terceiros, agora Varzim e Académica, continuava folgado (16).

O alarme, convenhamo­s, nunca chegou a soar, mas o Portimonen­se não revelava a mesma capacidade. Vítor Oliveira juntou Paulinho e Fabrício (recém-chegado do Kashima do Japão), o que nem sempre resultou, mas o pior surgiu com o inusitado número de lesões, sobretudo a nível dos defesas-centrais, o que obrigou o treinador a recorrer-se de uma dúzia (!) de duplas, apostando em médios-defensivos para superar as ausências de Lucas, Jadson e às vezes de Ivo Nicolau. Entre improvisos e adaptações, o líder beneficiou também de momentos igualmente pouco felizes dos mais diretos perseguido­res e conseguiu segurar uma vantagem confortáve­l, inclusive após os quatro desaires consecutiv­os entre a 33.ª e 36.ª jornadas, dois deles em casa.

Foi um período que Vítor Oliveira apelidou de “muito complicado”, embora sem nunca deixar de ter um discurso otimista, sublinhand­o que

“foram estes mesmos jogadores que realizaram uma excelente primeira volta”. A má fase foi ultrapassa­da com a vitória sobre o Aves – mesmo com um quarteto defensivo totalmente diferente do inicial e alguns elementos em nítido défice de forma –, aumentando o avanço sobre este rival, o mais próximo na tabela, e ficando a apenas um ponto da subida. E esta foi consumada a quatro jornadas do final, no último domingo.

Vítor Oliveira, atirado ao ar pelos jogadores e alvo de elogios de uma cidade inteira, mantém-se sereno e quer agora ser campeão do segundo escalão. O “rei das subidas”, o “elevador automático” que vai na quinta seguida, ainda não sabe se continua no clube onde começou, há mais de 30 anos, uma carreira de sucesso.

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