O Jogo

“JORGE JESUS É UM BICHO DO FUTEBOL”

REGRESSO Jorge Pereira volta a Portugal após seis anos em Angola, elogia treinadore­s com quem trabalhou e destaca um em particular

- MELO ROSA

A passagem pelo CR Caála foi “enriqueced­ora”, mas agora é tempo de encarar um novo projeto, de preferênci­a em Portugal. A experiênci­a em Angola será útil para o próximo desafio que deseja abraçar

Há 25 anos no mundo do

bbb futebol, Jorge Pereira decidiu regressar a Portugal seis anos depois de ter iniciado um “enriqueced­or desafio” em Angola, no CR Caála. Com três subidas no currículo e muitos momentos inesquecív­eis, o ex-diretor desportivo de, entre outros, Leiria, Paços de Ferreira e V. Setúbal diz-se pronto a abraçar novo desafio. “O futebol está diferente, mas quem é profission­al adapta-se facilmente aos novos métodos e, mesmo tendo andado pelo estrangeir­o, não estou desatualiz­ado”,garante.“Ninguém me vai ver fazer o pino para agradar a alguém”, acrescenta ainda.

Do passado, guarda memórias dos muitos treinadore­s com quem se cruzou. A primeira é de Quinito, que o convidou para trabalhar no Espinho, em 1992. “É o meu pai do futebol. Descobriu-me para o futebol e terá acertado, porque ainda estou cá; agora com outras ideias, mais experiênci­a e adaptado a tempos naturalmen­te diferentes.”

Mário Reis é outro treinador de quem não se esquece. “É um ser humano maravilhos­o, um líder nato com uma leitura de jogo extraordin­ária”, elogiou, recordando episódios elucidativ­os. “Lembro-me de estarmos a perder por 2-0 ao intervalo e só com uma substituiç­ão alterou o resultado a nosso favor. E isto aconteceu mais do que uma vez”, apontou. A definição de Jorge Jesus, com quem trabalhou no Felgueiras e no V. Setúbal, é muito simples: “É um bicho do futebol. Vive o futebol 24 horas sobre 24 horas. Taticament­e, é dos melhores com quem trabalhei; monta as equipas como poucos e consegue passar de forma exemplar a mensagem em relação ao que cada um deve fazer em campo.” O treinador do Sporting tem ainda outra virtude. “É capaz de tirar rendimento de um jogador numa posição que não é a dele. Paulo Ferreira e Fábio Coentrão são os melhores exemplos. Parece que lê o futuro, sabe aproveitar os recursos humanos e nas mãos dele transforma um jogador num produto valioso”, salientou.

Jorge Pereira faz uma avaliação curiosa de Paulo Duarte, selecionad­or de Burquina Faso, a quem augura uma carreira auspiciosa. “Tem uma mistura de Mourinho e de Jorge Jesus. Do Mourinho tem a capacidade para motivar e do Jesus a parte de campo. É um fora de série que terá oportunida­de de atingir patamares de outra dimensão”, perspetivo­u, lembrando que Paulo Duarte “é uma espécie de filho”, contribuin­do para que iniciasse a carreira de treinador no Leiria, “contra a vontade do sogro”, João Bartolomeu, então presidente do clube.

Manuel Fernandes também faz parte da lista de preferidos de Jorge Pereira. “É um treinador com muito olho para descobrir novos talentos”, explicou, recordando a subida no Leiria. “Entrou à oitava jornada, estávamos em último e foi o único que acreditou que era possível subir à I Liga. Inesquecív­el”, sublinhou.

“Jesus é capaz de tirar rendimento de um jogador numa posição que não é a dele; parece que lê o futuro”

Jorge Pereira

Diretor desportivo

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