O Jogo

DINASTIA EDO CONQUISTA BARÇA

HÓQUEI EM PATINS Alejandro Edo herdou de Edo Bosch a arte de fechar as balizas. O Barcelona “roubou-o” ao FC Porto

- PAULA CAPELA MARTINS

Edo Bosch foi dono da baliza do FC Porto durante quase duas décadas. O filho já desempenha o mesmo papel nos juniores e equipa B dos dragões. Em setembro, entra em La Masia, a fábrica de craques

Alejandro Edo não passou despercebi­do nos radares do Barcelona. Com quase 16 anos – faz em julho –, o talento precoce revelado pelo guarda-redes, e que o tem levado a jogar sempre acima do seu escalão etário, foi detetado pelo faro bem apurado do clube com mais títulos conquistad­os e cuja afamada academia reúne prodígios do todo o mundo. La Masia, a fábrica de craques situada na periferia de Barcelona, a dez minutos de Camp Nou,será,apartirdes­etembro, a casa de Xano, como é conhecido o guardião do FC Porto. Com nome de lenda, não fosse filho do reputado Edo Bosch, Alejandro Edo leva os genes de um pai que deixou Noia, na Catalunha, com 22 anos, para jogar de dragão ao peito durante 18 épocas, tendo-se tornado símbolodoc­lubeondega­nhou, entre muitos títulos, um inédito deca, e tendo sido considerad­o durante muitos anos o melhor guarda-redes a atuar em Portugal.

O convite feito pelo Barça a um jovem guarda-redes português é invulgar, mas não surpreende­nte, depois de Xano, campeão nacional de iniciados, atualmente a jogar nos juniores e equipa B do FC Porto, ter sido campeão europeu de sub-17 com apenas 14 anos (no Luso, em 2015). O pai, Edo Bosch, conta como se deu o convite: “Fui com o Viana jogar a Taça CERS a Vilafranca e de manhã um dirigente do Barça, meu antigo dirigente no Noia, ligou-me para tomar um café e quando nos encontrámo­s disse que me ia colocar numa situação difícil. Pensei que me ia perguntar por algum jogador português, e era, mas não pensei que fosse um tão novo [risos]. Depois disseme que queriam convidar o Xano para os juniores e equipa B e que depois seria integrado na primeira equipa porque considerav­am que tem uma idade ideal para fazer uma sucessão interessan­te.” Seguiuse a reação. “Fiquei surpreendi­do e concordei que era real- mente uma posição difícil. Tinha de tomar vários cafés [risos]”, disse.

“Fiquei muito contente. Os meus avós, quando ia lá passar férias, diziam: um dia vamos-te roubar o filho e vens jogar para o Barcelona”, disse Xano,prosseguin­do:“Percebi que ia mudar completame­nte de vida, mas tinha de ter a experiênci­a de ir lá, se não fosse nunca saberia como era. Pesou por ser o Barcelona, um grandeclub­e,epelaexper­iência com pessoas de outros países.” Edo, o pai, já visitou La Masia. “São 80 miúdos de

“Quando ia passar férias aos meus avós, eles diziam: um dia vens para o Barcelona”

Alejandro Edo

Guarda-redes “Acabar a formação no Barcelona vai fazer-lhe bem”

Edo Bosch

Guarda-redes

todo o mundo. Tem lá um mapa que marca a origem de cada um e de Portugal não tinha ninguém”, explicou. Agora, vai ter um português, que também é espanhol, mas que cedo escolheu a seleção lusa – “Nasci em Portugal e sou mais de Portugal do que de Espanha. Portugal é sempre a minha nação”, esclareceu Alejandro – e que obrigará Edo a muitas viagens PortoBarce­lona: “Ainda bem que há low cost. A mãe já disse que a partir de agora; no mínimo umas duas vezes por mês, temos de estar lá”, atira Bosch, antecipand­o as inevitávei­s saudades: “Para já, abro a porta e ele está lá. A partir de setembro, quando não estiver, a saudade vai ser grande, mas a vida dos desportist­as é muitas vezes fora de casa. A mim aconteceu aos 22 anos; vim viver a 1200 km de casa. Foi a decisão acertada e espero que a dele também seja e tenha um grande futuro. Acabar a formação no Barcelona vai fazer-lhe bem.”

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