O Jogo

EX-DIRIGENTE EXIGE CLAQUES LEGALIZADA­S

Antigo ministro Rui Pereira explica o problema

- RODRIGO CORTEZ

Atualmente presidente do Conselho Fiscal da Fundação do Benfica, cujos grupos de apoio não estão registados, criticou também os discursos coléricos dos dirigentes

Rui Pereira, ministro da Administra­ção Interna entre 2007 e 2011, defendeu ontem publicamen­te a legalizaçã­o das claques de futebol. “Será sempre melhor legalizar, uma vez que, não havendo uma estrutura legal, não há ninguém a quem responsabi­lizar. Grupos de adeptos vão existir sempre e, por isso, é melhor disciplina e enquadrame­nto jurídico do que deixá-los ao deus-dará”, afirmou um político e jurista que assistiu nas bancadas à final da Taça de Portugal de 1996, entre Benfica e Sporting, partida em que um adepto leonino morreu atingido por um verylight lançado desde a bancada onde estavam os adeptos encarnados. Ex-membro dos órgãos sociais do clube, Rui Pereira é um confesso adepto do Benfica – clube cujas claques (No Name Boys e Diabos Vermelhos) não são legalizada­s – e ocupa atualmente o cargo de líder do Conselho Fiscal da Fundação Benfica.

Em conferênci­a ontem realizada na Reitoria da Universida­de Nova de Lisboa, Rui Pereira lançou farpas não apenas na Direção das claques, mas também dos dirigentes, embora sem nomear os visados. “Tem de haver um código ético para os agentes desportivo­s. Há dirigentes que, mesmo a seguir aos mais trágicos acontecime­ntos, continuam com uma linguagem extremamen­te violenta”, disse, ladeado por Pedro Proença e por João Alvelos (ver peças em anexo) num painel subordinad­o ao tema “Segurança em eventos desportivo­s, em particular o futebol: que desafios e que opções?”

“As claques são responsáve­is pela violência, mas compartilh­am responsabi­lidades com quem pratica discursos de ódio”, concretizo­u o político do PS, acrescenta­ndo que “não se pode fazer uma relação causa e efeito entre discursos e violência”, mas deixando entender que a ligação não é totalmente descabida. Quanto a soluções, acredita que este não é um caso perdido, mas que pode demorar a resolver: “Os problemas não se resolvem de um dia para o outro. É preciso persistênc­ia e políticas coerentes. Quem pensa que a violência pode acabar já amanhã está bem enganado.”

“Grupos de adeptos vão existir sempre. É melhor disciplina e enquadrame­nto jurídico do que deixá-los ao deus-dará”

Rui Pereira

Ex-ministro da Administra­ção Interna

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 ??  ?? Rui Pereira (ao centro) no Congresso Internacio­nal Segurança e Democracia
Rui Pereira (ao centro) no Congresso Internacio­nal Segurança e Democracia

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