NUNCA SE VENDEU TÃO DEPRESSA
A cerca de dois meses e meio do fecho da janela, os clubes portugueses já encaixaram 145,3 milhões de euros em transferências para o estrangeiro
Ao contrário de outras temporadas, os grandes negócios não estão a ficar para o final do verão. Ederson, André Silva, Lindelof e Rúben Semedo são os principais exemplos disso mesmo
Nos últimos anos, Portugal tem sido uma nação exportadora de jogadores para alguns dos maiores clubes europeus e a época que agora terminou não foge à regra, havendo já vários atletas projetados para outros patamares. Até à presente data, foram confirmados três grandes negócios, como são as vendas de Ederson (40 milhões de euros) do Benfica para o Manchester City, André Silva (38 M€) do FC Porto para o AC Milan e Lindelof (35 M€) também das águias para o Manchester United. Houve ainda uma quarta transferência significativa, que foi a de Rúben Semedo do Sporting para o Villarreal, a troco de 14 M€.
Esta é uma tendência que contraria o passado. Numa análise às últimas dez temporadas em Portugal, constatase que as transferências que envolveram valores mais elevados raramente foram concluídas numa fase inicial do mercado de verão. Em menos de um mês, desde o fim de 2016/17, os clubes portugueses já encaixaram um total de 145,3 milhões de euros com saídas de atletas para o estrangeiro, verba que suplanta os valores totais registados desde 2007/08, excluindo algumas transferências realizadas em datas posteriores.
Para Rui Oliveira, um dos rostos da Player Rate, agência que avalia e define o valor relativo de um jogador, o que está a acontecer no mercado nacional será a regra de futuro e o cenário atual está relacionado com a organização dos clubes. “Não acredito que seja algo pontual. Os clubes têm necessidade de arrumar os plantéis desportiva e financeiramente e, com isso, gera-se tempo para os treinadores trabalharem com os jogadores que têm à disposição”, justifica Rui Oliveira a O JOGO.
“Um clube saudável não quer perder um jogador em que esteja interessado”
Rui Oliveira Consultor na agência Player Rate
Sem esquecer o papel dos empresários, Rui Oliveira aponta também o eventual interesse de mais do que um clube num jogador para que a contratação seja fechada o mais rapidamente possível. “Os clubes estão cada vez mais bem organizados em termos de scouting e um clube financeiramente saudável quererá arrumar a questão para não perder um atleta em que esteja interessado. Por outro lado, eventualmente existem préacordos feitos em janeiro/fevereiro e depois é só uma questão de fechar o negócio nos finais das épocas com pormenores e acertar se a venda se faz por mais milhão ou menos milhão”, refere Rui Oliveira, que trabalhou durante 19 anos no Benfica como coordenador técnico da formação e prospeção e foi adjunto de Toni na equipa sénior.