O Jogo

O querer antes do crer, outra vez

- Carlos Machado carlos.machado@ojogo.pt

Renato Sanches, titular na seleção A há um ano, foi agora suplente na de sub-21. Entrou quando foi preciso e ajudou a resolver. Com toda a tranquilid­ade

Seleção de sub-21 entrou no Europeu com uma vontade indomável. A mesma esperada hoje, a tal que pôs o país aos pulos há quase um ano

Portugal entrou no Europeu de sub-21 da forma mais animadora possível. Jogou mal durante grande parte do tempo, abriu o marcador aproveitan­do um erro do oponente, teve a sorte do jogo durante alguns momentos na segunda parte e selou as contas com um golo meritório. Se o introito é tudo menos animador, poderá perguntar-se onde reside, afinal, a componente animadora da estreia. No compromiss­o, na entrega total e numa liderança tranquila e lúcida, capaz de reconhecer o bom e o mau, quando depois de uma vitória tão importante, o mais fácil era contar apenas uma historinha de virtudes. Fernando Santos queixa-se amiúde de que nas conferênci­as de Imprensa fala poucas vezes de Portugal e demasiadas de Cristiano Ronaldo, mesmo estando o craque disposto a ser mais um no grupo, a chorar e rir abraçado a toda a gente, como todos se lembram de ver no Euro’2016, mas, mesmo assim, sempre centro das atenções. Ao chamar Renato Sanches para os sub-21, Rui Jorge também gerou um foco de interesse demasiado forte, a fulanizaçã­o tornouse inevitável, mas teve o cuidado de não dar azo à criação de um monstro, de um corpo estranho ao grupo. Há um ano, Renato Sanches foi titular no Europeu dos grandes e agora estreou-se no dos menos grandes um bocadinho como suplente utilizado. Entrou mal (59’) mas com uma vontade do tamanho do mundo e ajudou a resolver a questão com um passe de classe mundial. Foi mais um, ajudou, cumpriu o papel dele e agora é tempo de todos pensarem na Espanha. Hoje é dia do Portugal principal, Santos lembra-se do tempo dos pouco crentes e da forma como, no ano louco de 2016, o querer levou ao crer. Por isso põe gelo na euforia. Candidatos, sim; favoritos, não. Podia ser um slogan ou um discurso oficial, mas é apenas uma forma de sentir e de estar. Como ontem com os sub-21, como há um ano na volta à França do pontapé na bola.

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