O Jogo

“Perseguia um projeto à Rangers”

- RAFAEL TOUCEDO

Treinador luso durou pouco na Liga e já tem mais currículo lá fora que em Portugal. Assumiu com entusiasmo e ambição o banco do histórico escocês que pretende relançar para a alta roda do futebol

Após experiênci­as no México e no Catar, o Rangers bateu à porta de Pedro Caixinha e o treinador português não hesitou, pois sempre quis treinar um grande europeu, nem que seja um histórico adormecido. Chegar a um grande em Portugal não lhe tira o sono.

Como surgiu a possibilid­ade de regressar à Europa e assinar pelo Rangers?

—Começou com o Pedro Mendes a apresentar-me essa possibilid­ade e eu aceitei o desafio. A questão financeira nunca foi prioritári­a, se fosse nunca teria vindo. Há uma diferença bastante significat­iva entre o que era o vencimento no Al-Gharafa e o que tenho aqui. É um tipo de projeto que perseguia, no qual acredito, e num clube com dimensão. Já estamos a formar plantel para fazer face à redução da diferença para o Celtic, que é muita e é clara.

O que lhe pediram? O título no imediato?

—Não me pediram nada. Queriam que conhecesse o plantel, nos últimos meses, criar bases de dados de jogadores. Estamos a tentar dar já um salto de aproximaçã­o ao Celtic. A quem vai treinar um Benfica, Sporting ou FC Porto não lhe precisam de dizer que é para ser campeão... Aqui é igual. O segundo lugar não chega, não é suficiente, e os jogadores têm de ter essa mentalidad­e desde o início.

No Santos Laguna assumiu quase funções de manager britânico. Deram-lhe essa responsabi­lidade?

—Vamos ter um diretor desportivo... Já temos sete jogadores novos confirmado­s de um total de onze que queremos. Chegando o diretor desportivo, ficarei mais livre para a minha tarefa. E já temos definidos os alvos para os próximos dois anos. Não tenho problemas com a responsabi­lidade, dá-me mais abrangênci­a.

Quando estará de regresso o velho Rangers,

até em termos internacio­nais?

—Após cinco anos em divisões inferiores o Rangers está agora a regressar a provas europeias, mas não temos qualquer coeficient­e. A liga escocesa é indiscutiv­elmente Rangers e Celtic e nos últimos anos nem isso houve. A organizaçã­o do Rangers continua a ser de clube grande. Temos a ambição e ânsia de ser os primeiros campeões deste novo Rangers. Nada me dará mais gozo.

Já treinou mais clubes fora de Portugal do que cá...

—É verdade... Treinadore­s da minha geração, que tiveram um processo diferente do meu, com trabalho sustentado em clubes de nível médio, chegaram a um grande em Portugal. Eu cheguei a um grande fora de Portugal. Corri por fora, pelo México, Catar e agora um grande e histórico europeu que vai regressar ao lugar onde merece.

Ainda tem essa ambição, de chegar a um grande de Portugal?

—Não me tenho preocupado muito com isso, mas é óbvio que, sendo português, gostava de treinar um dos grandes. Não é coisa com a qual viva obcecado.

Voltaria a ir para o Catar?

—A carreira de um treinador vive muito também de um sentimento de segurança familiar e do nosso futuro. Fui ao Catar ganhar essa segurança, ganhar autonomia financeira sem deixar de estar no mercado. Tinha a noção clara de que não poderia ficar muito tempo lá.

Em 2012, o Rangers declarou falência e desceu à quarta divisão. Foi subindo e, no regresso à Premier League, com Pedro Caixinha na reta final, ganhou acesso à Europa “Sabia que não podia ficar muito tempo no Catar. Não saí do mercado e consegui chegar a um histórico” “É preciso pedir a quem treina os três grandes para ser campeão? Aqui é igual. Não pediram nada, nem me deram um ‘budget’” “Não recebi convites de Portugal, só quatro ou cinco do México, dos Estados Unidos e este da Escócia”

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