“Mexicanos estão estáveis e controlam mais o jogo”
Pedro Caixinha esteve três anos e meio no México, onde conquistou três títulos à frente do Santos Laguna, e descreve o conflito que representa a sua evolução tática
Rival na estreia na Taça das Confederações aproxima o seu velho estilo de jogo ao europeu, mas continua a esbarrar nas características intrínsecas do futebolista mexicano, intenso, acelerado e direto
O conhecimento profundo do futebol mexicano e da respetiva seleção, que hoje defronta Portugal na estreia lusa na Taça das Confederações (às 16h00), graças a várias épocas à frente do Santos Laguna que culminaram com a conquista de três títulos, em 2014/15, torna Pedro Caixinha num dos poucos “especialistas” portugueses no futebol do país dos “sombreros”. A seleção asteca tem, inclusivamente, três jogadores que orientou (os centrais Oswaldo Alanís e Néstor Araujo e o avançado Oribe Peralta), pelo que o agora técnico do Rangers foi convidado a fazer uma radiografia para O JOGO do que Portugal pode esperar no desafio agendado para esta tarde: um México que está em transformação... e em conflito entre o novo estilo com mais organização e controlo do jogo, promovido por um técnico com “formação” no Manchester City, Juan Carlos Osório, e a essência do futebolista mexicano que gosta da verticalidade.
“No tempo de Miguel Herrera, o México jogava muito com a tática de três centrais com desenvoltura de jogo. Era mais vertical, com 3x5x2 ou 5x3x2, mais mecanizada. Com o Juan Osório, durante cerca de ano e meio, trocavam muito a estrutura e os jogadores, mas agora estão muito mais estáveis. Estabilizaram no 4x3x3, com uma dinâmica incutida por um treinador que é colombiano mas que fez a sua formação no Manchester City, onde adquiriu metodologia e uma forma mais europeia de ver o jogo. É uma seleção mais organizada e que controla melhor os tempos e os momentos do jogo”, começa por avisar, referindo que, contudo, apesar da aproximação ao estilo de jogo europeu, a identidade mexicana está sempre presente: “Controlam melhor, mas está na essência do jogador mexicano jogar com verticalidade e ter sempre um ritmo de jogo muito alto, sem grande controlo. No entanto, há muitos na Europa e, como tal, já têm uma experiência diferente que lhes permite perceber o jogo de maneira diferente.”
E perante isto, que postura deve adotar Portugal? Caixinha confia no momento positivo do futebol português, em particular de Ronaldo, e espera rever o espírito coletivo e o pragmatismo que “deu” o Europeu e chegou a chatear alguma Imprensa internacional por ser pouco espetacular. “Somos o campeão da Europa! Temos de manter a identidade e entrar para ganhar. Temos o melhor jogador do mundo em momento fantástico. Somos favoritos a ganhar. Portugal deve manter a mentalidade vencedora, com pragmatismo. Não vejo porque tem de mudar se quer ganhar jogos. Desde que se ganhe, creio que é indiferente. Agora que sabemos o que é ganhar, só pode ser nessa direção independentemente da forma. Mas é verdade que poderemos acrescentar mais qualidade individual à coletiva”, analisou, elogiando ainda o rejuvenescimento “quaseimpercetível”levadoacabo por Fernando Santos.
“Somos o campeão da Europa! Temos de manter a identidade e entrar para ganhar” “Treinador do México adquiriu uma metodologia e uma forma mais europeia de ver o jogo”