José Pedro e Inês recuperam com (muita) paciência
Praticamente um mês volvido sobre o violento acidente sofrido no Vodafone Rali de Portugal, o bicampeão nacional, José Pedro Fontes, recupera em casa, enquanto a sua navegadora, Inês Ponte Grancha, está ainda no hospital. Vão precisar de muita paciência e
Avida frenética de José Pedro Fontes sofreu uma forte desaceleração nas últimas três semanas e meia. O piloto do Porto já marcou presença no parque de assistência do Rali Vidreiro/Centro de Portugal, mas é no conforto do lar que ganha novo alento, perdido que está o tri, como assume.
“É um exercício diferente, que permite ver o que posso aproveitar. É tirar algo de positivo. De tudo o que nos acontece na vida, se tivermos capacidade, podemos retirar coisas boas. Aproveitar o tempo em casa, algo que dantes não tinha; projetos que não se concretizavam, que eram sempre adiados. Ora, tudo isto acaba por ser bom”, refere.
A segunda fase da recuperação está em marcha: “Estou a fazer eletroestimulação muscular e exercícios de fisioterapia para ganhar maior flexibilidade na perna direita”, adianta.
A fratura do fémur da perna direita obrigou à colocação de parafusos, enquanto a da vértebra L2 (lombar) carece apenas de tempo. “É esperar”, diz Fontes com tranquilidade.
“No próximo dia 20 de junho vou fazer os primeiros exames para analisar a progressão feita; depois será elaborado um trabalho para recuperação e fixado um prazo”, esclarece o piloto.
José Pedro Fontes confessa um desejo: “Quero regressar o mais depressa possível e preparar o próximo ano. Ao ver as corridas na televisão, tenho pena de não estar lá. No entanto, não vou apressar o regresso; quero fazer tudo bem para regressar em plena forma e salvaguardar o meu futuro.”
Realista, Fontes acrescenta: “Ganhei 14 campeonatos [Fórmula Ford, velocidade e ralis] e não sei quantas corridas; não é por fazer mais duas ou três que tudo muda. Se, em termos clínicos, tudo estiver bem, vou preparar-me como gosto de fazer. A vontade de regressar é muito grande”, confessa o piloto do Porto.
AS CAUSAS DO ACIDENTE
As razões para o violento despiste abriram campo a m ui tasconjeturas.Jo sé Pedro Fontes explica tudo a O JOGO: “Fiz tudo bem, conforme a nota, mas fui surpreendido por falta de aderência. Saí mais por fora na curva, dei um toque em algo que estava escondido na vegetação, o que provocou uma reação estranha no carro. Em situações similares, safo-me uma/duas vezes por rali. Azar foi ter batido em algo; mas foi um erro meu, talvez a 120 ou 130 km/hora. Devia ter travado um pouco mais cedo para não passar por isto”, admite Fontes.
Nos momentos seguintes, José Pedro Fontes sentiu que a perna direita fora afetada: “Quando saí do carro, não tinha força na perna. Escorreguei da baquet, fiquei de lado, mas felizmente estava lá muita gente.”
INÊS PONTE GRANCHA: “UM DIA DE CADA VEZ”
A ironia do destino bateu à porta de Inês Ponte Grancha: fisioterapeuta profissional, recupera, com muita paciência, do acidente. A fisioterapia éop asso seguinte a ser dado pela navegadora, que teve, mal se deu o embate, consciência da gravidade das lesões sofridas. Com incrível força anímica, supera com o sorriso de sempre a inatividade forçada e dolorosa. Em todos os aspetos.
Mais umas placas no corpo, parafusos, cinco vértebras fraturadas, que a obrigam a usar colete ortopédico durante quatromeses, e uma lesão na bacia, curável por ação do tempo: este o (duro) saldo do acidente para Inês Ponte Grancha.
A navegadora recupera numa unidade de saúde da Parede, na linha do Estoril, para onde foi transferida, ficando desse modo mais perto da residência, após alguns dias de internamento no hospital de Viana do Castelo (ULSAM, EPE), “onde todos foram de uma dedicação e profissionalismo exemplares”, sublinha. Ainda na cama durante a maior parte do tempo, a navegadora campeã nacional de ralis já consegue, no entanto, sentar-se por breves períodos, na cadeira e numa posição a 45 graus, algo que só acontece, regra geral, ao fim de mês e meio. “E eu consegui logo três semanas e meia após o acidente”, conta com visível entusiasmo. No entanto, confessa que alguns momentos têm sido particularmente dolorosos. “Tento segurar o corpo e já tenho desmaiado. O meu estado ainda é anémico e tenho levado injeções para evitar o risco de tromboses. Sinto-me ainda fraca”, admite.