O Jogo

José Pedro e Inês recuperam com (muita) paciência

Praticamen­te um mês volvido sobre o violento acidente sofrido no Vodafone Rali de Portugal, o bicampeão nacional, José Pedro Fontes, recupera em casa, enquanto a sua navegadora, Inês Ponte Grancha, está ainda no hospital. Vão precisar de muita paciência e

- Textos ANTÓNIO CATARINO

Avida frenética de José Pedro Fontes sofreu uma forte desacelera­ção nas últimas três semanas e meia. O piloto do Porto já marcou presença no parque de assistênci­a do Rali Vidreiro/Centro de Portugal, mas é no conforto do lar que ganha novo alento, perdido que está o tri, como assume.

“É um exercício diferente, que permite ver o que posso aproveitar. É tirar algo de positivo. De tudo o que nos acontece na vida, se tivermos capacidade, podemos retirar coisas boas. Aproveitar o tempo em casa, algo que dantes não tinha; projetos que não se concretiza­vam, que eram sempre adiados. Ora, tudo isto acaba por ser bom”, refere.

A segunda fase da recuperaçã­o está em marcha: “Estou a fazer eletroesti­mulação muscular e exercícios de fisioterap­ia para ganhar maior flexibilid­ade na perna direita”, adianta.

A fratura do fémur da perna direita obrigou à colocação de parafusos, enquanto a da vértebra L2 (lombar) carece apenas de tempo. “É esperar”, diz Fontes com tranquilid­ade.

“No próximo dia 20 de junho vou fazer os primeiros exames para analisar a progressão feita; depois será elaborado um trabalho para recuperaçã­o e fixado um prazo”, esclarece o piloto.

José Pedro Fontes confessa um desejo: “Quero regressar o mais depressa possível e preparar o próximo ano. Ao ver as corridas na televisão, tenho pena de não estar lá. No entanto, não vou apressar o regresso; quero fazer tudo bem para regressar em plena forma e salvaguard­ar o meu futuro.”

Realista, Fontes acrescenta: “Ganhei 14 campeonato­s [Fórmula Ford, velocidade e ralis] e não sei quantas corridas; não é por fazer mais duas ou três que tudo muda. Se, em termos clínicos, tudo estiver bem, vou preparar-me como gosto de fazer. A vontade de regressar é muito grande”, confessa o piloto do Porto.

AS CAUSAS DO ACIDENTE

As razões para o violento despiste abriram campo a m ui tasconjetu­ras.Jo sé Pedro Fontes explica tudo a O JOGO: “Fiz tudo bem, conforme a nota, mas fui surpreendi­do por falta de aderência. Saí mais por fora na curva, dei um toque em algo que estava escondido na vegetação, o que provocou uma reação estranha no carro. Em situações similares, safo-me uma/duas vezes por rali. Azar foi ter batido em algo; mas foi um erro meu, talvez a 120 ou 130 km/hora. Devia ter travado um pouco mais cedo para não passar por isto”, admite Fontes.

Nos momentos seguintes, José Pedro Fontes sentiu que a perna direita fora afetada: “Quando saí do carro, não tinha força na perna. Escorregue­i da baquet, fiquei de lado, mas felizmente estava lá muita gente.”

INÊS PONTE GRANCHA: “UM DIA DE CADA VEZ”

A ironia do destino bateu à porta de Inês Ponte Grancha: fisioterap­euta profission­al, recupera, com muita paciência, do acidente. A fisioterap­ia éop asso seguinte a ser dado pela navegadora, que teve, mal se deu o embate, consciênci­a da gravidade das lesões sofridas. Com incrível força anímica, supera com o sorriso de sempre a inatividad­e forçada e dolorosa. Em todos os aspetos.

Mais umas placas no corpo, parafusos, cinco vértebras fraturadas, que a obrigam a usar colete ortopédico durante quatromese­s, e uma lesão na bacia, curável por ação do tempo: este o (duro) saldo do acidente para Inês Ponte Grancha.

A navegadora recupera numa unidade de saúde da Parede, na linha do Estoril, para onde foi transferid­a, ficando desse modo mais perto da residência, após alguns dias de internamen­to no hospital de Viana do Castelo (ULSAM, EPE), “onde todos foram de uma dedicação e profission­alismo exemplares”, sublinha. Ainda na cama durante a maior parte do tempo, a navegadora campeã nacional de ralis já consegue, no entanto, sentar-se por breves períodos, na cadeira e numa posição a 45 graus, algo que só acontece, regra geral, ao fim de mês e meio. “E eu consegui logo três semanas e meia após o acidente”, conta com visível entusiasmo. No entanto, confessa que alguns momentos têm sido particular­mente dolorosos. “Tento segurar o corpo e já tenho desmaiado. O meu estado ainda é anémico e tenho levado injeções para evitar o risco de tromboses. Sinto-me ainda fraca”, admite.

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