Este Chile é de olhos fechados
A seleção dos Camarões foi atropelada por uma Roja que construiu inúmeras oportunidades de golo
Com um futebol dinâmico e atrativo, o Chile confirmou na estreia a teoria dos que o apresentam como um dos grandes candidatos a vencer esta Taça das Confederações. Dois golos (validados), um outro anulado (pelo videoárbitro) e ainda uma mãocheia de oportunidades desperdiçadas frente a uma equipa dos Camarões que desde cedo assumiu, com humildade, a condição de favoritismo do adversário.
Este Chile é provavelmente a equipa mais rotinada desta competição:noMundial’2010, há sete anos, já estavam nomes como Vidal, Alexis Sánchez, Isla, Medel, Jara e Beausejour, todos eles presentes neste encontro, já para não fa- lar do guarda-redes Bravo, que ontem não alinhou devido a lesão. A equipa joga de olhos fechados e depois, no meiocampo, tem um senhor chamado Arturo Vidal, que parece um polvo a esticar os tentáculos até qualquer zona do terreno que a bola vá cheirar. Se juntarmos estas características à fome de um grande título planetário, então percebemos melhor o atropelo a que, na primeira parte do jogo, foi sujeitaaequipadosCamarões, com um voluntarioso e esforçado Aboubakar, mas longe dos tempos gloriosos do grupo em que se destacava o lendário Roger Milla, entre outros.
Ia valendo Ondoa, guardaredes (quase tão) elástico como o histórico N’Kono, a adiar golos atrás de golos na fase inicial. Só nos descontos da primeira parte seria batido, por Vargas, mas a festa chilena seria apagada da história depois da consulta ao videoárbitro; por poucos centímetros, como se viu nas repetições da TV, o dianteiro chileno estava em fora de jogo antes de receber o passe de Vidal. Skomina invalidou o golo e os chilenos foram furiosos para as cabinas, nomeadamente o médio do Bayern, que fizera a assistência, ele que é conhecido por ter o sangue bem quente.
Na segunda parte, os Camarõestentaramresponder,mas a supremacia chilena viria ao de cima aos 81’, num cruzamento de Sánchez correspondido por Vidal. Lá está: de olhos fechados, os dois jogadores mais conceituados da Roja inventaram uma jogada de golo. A terminar, Vargas fez o segundo e o videoárbitro ainda chegou a ameaçar estragar nova festa. Desta vez, contudo, a tecnologia foi amiga e confirmou a legalidade do lance.
“Se o videoárbitro vai interagir tanto, não será agradável para os jogadores”
Hugo Broos
Selecionador dos Camarões “O Chile tem amor-próprio. Para se superar, vai buscar forças onde elas não existem” Juan Antonio Pizzi Selecionador do Chile