O Jogo

O estilo “esticado”

- Luís Freitas Lobo www.planetadof­utebol.com

Édifícil confundir um estilo antes do jogo, mas ele pode facilmente confundir-se quando tudo começa. Ou seja, é difícil tirar de uma equipa portuguesa a ideia de jogo apoiado, mas quando, em campo, se confronta com essa impossibil­idade (no início e no centro da construção de jogo, isto é, na capacidade a sair desde trás e na posse a meiocampo), o mais provável é ela ficar intrigada por ver o adversário fazer aquilo que... devia ser ela a executar.

Este 4x3x1x2 de Portugal com um losango que fala linguagens tão diferentes nas faixas (numa o extremo-avançado Quaresma e noutra o médio-interior André Gomes) retira-lhe essa possibilid­ade de circulação em largura. Sucedeu a Portugal na primeira parte contra o México do toque.

É então que, estranhame­nte, Portugal passa a jogar “outro jogo”, com outro estilo na forma de criar perigo, através de saídas mais longas, buscando profundida­de rápida. O estranho estilo de abanar o jogo metendo-lhe “esticões”. E, claro, se na ponta ofensiva desse “esticar” de jogo (sem construção apoiada a meio-campo) estão os talentos no um para um de Ronaldo e Quaresma, é possível ganhar dessa outra maneira. Assim surgiu o primeiro golo. Num passe de Ronaldo que até travou nesse esticão, porque a bola foi “menos rápida” só que ele não se deixou “enganar” por ela e aquilo que, quando ele arrancou, todos pensavam ir acabar com um remate, acabou com um passe de mestre (todos os defesas do México foram atraídos por ele...) para Quaresma desmarcado que, insolente, sentou Ochoa, que saiu rápido mas sem pensar, e tocou para a baliza deserta.

O golo é uma coisa. O jogo, porém, é outra. Quando passou para 4x3x3 com triângulo a meio-campo (com André Gomes-Adrien interiores e GelsonQuar­esma alas), a equipa passou a ter melhor “jogo posicional”, a dividir posse e espaços. Então, já era o nosso estilo. O jogo ficou mais “fechado”, mas a equipa portuguesa mais equilibrad­a (“menos partida”). O seguinte passo é, a partir desta base, criar desequilíb­rios no adversário. Duas soluções: ou diagonais de um extremo para a área ou a entrada de outro tipo de médio, rompedor-criativo (como Bernardo Silva).

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