O Jogo

“A forma como ganhámos arrepia”

HÉLDER NUNES O capitão conta a história da época em que o FC Porto voltou a ser campeão de hóquei em patins, no último minuto da última jornada

- AUGUSTO FERRO

Depois do dia mais louco da carreira, em que só carimbou o título nacional depois de o seu último jogo estar concluído, Hélder Nunes explicou como o FC Porto voltou à liderança no hóquei em patins

No dia seguinte a ver a equipa que capitaneia, e da qual foi o melhor marcador, terminar o campeonato 2016/17 com mais dois pontos do que o Benfica, que liderava antes da última jornada, Hélder Nunes era um jovem completame­nte realizado. Como viveram o último minuto do jogo do Benfica com o Sporting? —Para ser bem explícito, foi o minuto mais longo das nossas vidas! Estávamos lá dentro e a nossa cabeça estava no outro jogo. Dependíamo­s daquele resultado e estávamos ansiosos que acabasse de forma favorável para nós. Viver aquilo dentro do campo, com toda a gente a sofrer, foi incrível. E como sentiu os últimos lances do Sporting- Benfica, que teve uns derradeiro­s segundos loucos? —Quando o nosso jogo acabou, olhámos para a televisão e vimos o João Rodrigues a festejar. Nem vimos o golo, pensámos que tinha tudo acabado. Ganhámos nova vida quando vimos esse golo ser anulado. O livre direto seguinte, a bola ao poste e a recarga falhada já conseguimo­s acompanhar. Foi duro, mas foi muito bom. Um campeonato sempre atrás do Benfica ou Oliveirens­e, desde a oitava jornada, nunca vos fez perder o objetivo? —Sabíamos que íamos jogar todos, uns contra os outros, e isso fez-nos acreditar sempre. Estávamos a trabalhar bem e sentíamos que era possível sermos campeões. Dependia só de nós. Foi bom chegar ao fim e festejar em nossa casa. Este título é diferente daquele que conquistou, na primeira época em que chegou ao FC Porto? —É.Jánãoganhá­vamosháqua­tro anos. Tínhamos conquistad­o

“A expulsão injusta do Jorge Silva deu-nos uma motivação extra para os últimos jogos” “No futuro, gostava que me vissem como eu via os meus colegas do passado” “Que seja a primeira pedra de uma montanha de títulos”

a Taça de Portugal no ano passado e este ano a Supertaça, mas sonhámos com o título nestes quatro anos. O FC Porto é um clube que vive de títulos. A forma como este foi festejado demonstra-o. Os adeptos precisam e o clube precisa. Este foi especial por ser depois do último segundo do jogo. Quatro anos sem ser campeão foi muito tempo? Sem dúvida. Foi uma seca e também por isso este é muito especial. Quem joga aqui é obrigado a ganhar. Viu-se no fim, adeptos, jogadores e dirigentes... toda a gente a chorar. O que fez a diferença para o vosso lado? — O nosso querer e trabalho e se calhar a injusta expulsão do Jorge Silva. Deu-nos uma motivação extra para encararmos com mais força os jogos que faltavam. Fazer jogos importante­s sem um elemento da equipa é muito mais difícil.

E a vossa festa? Foi brutal. Não é difícil de imaginar. Foi uma festa como tinha de ser. A maneira como o título foi conquistad­o arrepia. Até onde pode ir este FC Porto, com jovens de tanto potencial? Queremos construir uma montanha de títulos. E ser portista ajuda muito. Temos de dar mais mérito a nós do que demérito ao Benfica. Poderá ser o princípio de um novo ciclo do FC Porto? Tive a felicidade de fazer parte de um grupo que conquistou o decacampeo­nato, que marcou a história do hóquei portuguêse­mundial.Ensinaramm­e que, num clube como o FC Porto, ganhar é que é importante. É o que nós queremos, como jogadores e portistas. Sentiram pressão pelos falhanços desta época nas outras modalidade­s? No FC Porto, somos uma família nas modalidade­s. Vivemos os jogos uns dos outros. Recebi mensagem desses amigos a darem-nos os parabéns. Não tivemos mais pressão. Estamos sempre a puxar para que todos juntos possamos dar muitos títulos ao clube. O Hélder Nunes aspira a vir a ser uma referência na história do hóquei portista?

As referência­s são-no pela sua forma de ser e estar. Houve quem me transmitis­se o sentimento do FC Porto e, esses sim, foram referência­s. Um dia que saia do FC Porto gostava que as pessoas me vissem da forma como eu olhava para os meus colegas do passado.

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