Dama Ronaldo e cavalo Quaresma
Para um especialista luso em Moscovo, o capitão da Seleção “é um excelente xadrezista”. Mas há mais no tabuleiro, como “rei Patrício”
Pela forma como posiciona as suas peças e no momento certo desfere o xequemate, o selecionador Fernando Santos é comparado a Anatoly Karpov, o russo campeão dos campeões no xadrez
Estabelecido em Moscovo há três anos, o português Paulo Fanha ensina xadrez aos russos. Campeão europeu amador em 2015, é um fervoroso adepto da Seleção Nacional e ontem vestiu mesmo a camisola com o número sete, de Cristiano Ronaldo. “O nosso capitão é um excelente jogador de xadrez com os pés e com a cabeça. O tabuleiro dele ainda é o campo todo, embora à medida que avança na idade já não precise de jogar em todo o lado”, afirma o dono da escola cujo endereço na internet é www. winwinmind.ru. Prolongando e alargando a analogia entre xadrez e futebol, Paulo Fanha transporta a equipa das Quinas para uma “dimensão quadriculada” e cruza as peças: “Quem nunca podemos perder é o rei, que seria Rui Patrício. A mais poderosa, que faz diagonais, horizontais e verticais em todo o tabuleiro é a dama, ou seja, Ro- naldo. E pela forma desconcertante como joga, Quaresma seria um cavalo.”
O paralelismo segue, há mais por onde pegar. “A maior parte da nossa Seleção não são propriamente peças de xadrez, mas sim peões. Formam uma estrutura onde temos elementos que podem fazer a diferença. É uma equipa que sofre quando tem de sofrer, mas sabe aplicar o xeque-mate. Pela forma como posiciona as suas peças e no momento certo mata o jogo, o selecionador nacional, Fernando Santos, seria claramente o campeão Anatoly Karpov”, analisa o especialista.
Paulo Fanha tem 45 anos, mas o interesse pelo xadrez despertou aos quatro, em Moçambique, quando via o tio jogar. Desenvolveu o gosto e aos 15 anos começou a competir. “Fiquei uns anos sem jogar. Voltei, mas reinventeime quando vim para Moscovo. Cada vez que olho para um tabuleiro vejo milhares de padrões que antes não estavam lá. Tenho um poder de cálculo muito superior”, autorretrata-se o nosso interlocutor, que lamenta “o elevado preço dos bilhetes” na Taça das Confederações, razão pela qual não assistirá hoje ao vivo ao Rússia-Portugal. “A maior parte da nossa Seleção não são propriamente peças de xadrez, mas sim peões”
“Os russos respeitam muito a equipa portuguesa. Não têm a mania da superioridade” Paulo Fanha Professor de xadrez