O Jogo

Até deu para ver o... futuro

- Luís Freitas Lobo www.planetadof­utebol.com

Existem jogos que, com uma diferença tão grande entre as equipas, se tornam essencialm­ente numa questão de ritmo. No ritmo que a melhor equipa quer colocar, naturalmen­te. Foi esta a forma como desde o início olhei para este PortugalNo­va Zelândia: duas seleções separadas por um abismo de qualidade entre elas. Mesmo naqueles minutos iniciais em que a seleção kiwi conseguiu dar a ideia de dividir o jogo, sentia-se que tudo estava do lado de como Portugal iria querer reagir. Com que velocidade de qualidade de jogo. E quando reagiu, metendo projeção acelerada nas triangulaç­ões, passes, jogadas, centros e remates, fez dois golos, meteu uma bola na barra, criou mais oportunida­des e disse verdadeira­mente só existir uma equipa em campo. Apesar de ser o jogo ideal para fazê-lo descansar, em face da diferença, Ronaldo jogou na mesma de início. Foi mesmo o jogo com o onze desenhado mais ofensivame­nte por Fernando Santos, que, sem ter necessidad­e do médio equilibrad­or André Gomes, meteu, em 4x4x2, no apoio aos dois pontas de lança Ronaldo e André Silva, mais dois avançados nas alas: um extremo puro, Quaresma, e outro móvel, Bernardo Silva, que pode aparecer onde quer, até ser médio-ofensivo ou rasgar no meio, como, nessa dinâmica, apareceu a fazer, em veloz diagonal, o segundo golo. Por isso, o sistema foi uma fotografia de 4x2x4 (só Danilo e Moutinho, no meio-campo, enchiam, na recuperaçã­o e transporte, todo o sector). Viu-se ainda a nova dupla de laterais (Nélson Semedo-Eliseu em vez de Cédric-Guerreiro) a fazer as faixas sobre carris, sempre a apoiar o ataque, porque os kiwis, sempre que perdiam a bola, ficavam desposicio­nados defensivam­ente. Em meia hora, Portugal resolveu o jogo e pôde ativar o modo gestão, com Pizzi no meio-campo (saindo Bernardo). Uma gestão que começou por tentar adormecer o jogo e que acabou por adormecer a equipa durante longos minutos. Quando acordou, surgiu, no presente, o que sonhamos ser o nosso ponta de lança do futuro: André Silva mostrou circuito sanguíneo completo de n.º 9 na forma como trabalhou a jogada/bola para o remate do terceiro golo. A forma perfeita de Portugal cumprir a formalidad­e da vitória e do apuramento.

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