Coisas de Santos, fé ou magia
A baixa de Pepe nas meias-finais é o próximo obstáculo para quem olha para eles como um especialista em provas de barreiras – mais um para saltar...
A Taça das Confederações tem permitido ao selecionador injetar moral com a rotação de jogadores e, paradoxalmente, com as dificuldades
Adimensão da fé que os jogadores colocam num treinador é-nos dada por frases como a de Otávio, na entrevista exclusiva que ontem publicámos. “Na época passada demonstrámos bastante força, mas falhámos em alguns momentos […]. Mas com a força e raça do Sérgio Conceição, não vamos desistir nem um minuto”, declarou o criativo dos dragões, confiante de que do banco venha uma dose extra daquilo que no devido momento estiver a fazer falta à equipa. Já o ângulo inverso, isto é, a dimensão daquilo que um treinador faz a uma equipa – e dá um certo jeito que esta seja dotada de elementos de qualidade! – está mais ou menos patente naquele que tem sido o percurso desta Seleção Nacional comandada por Fernando Santos. Mesmo sendo uma parte importante (íssima) da viagem, pode, até, excluir-se o título europeu destas considerações. Concentremo-nos nesta Taça das Confederações e, em particular, no jogo com a Nova Zelândia, do qual Raphael Guerreiro estava fora por lesão. Cédric foi baixa de última hora e Eliseu estava em dúvida, a contas com uma gripe. O discutido lateral-esquerdo do Benfica não só recuperou como acabou por ser ele a assistir Bernardo Silva para o golo da tranquilidade. Suprema ironia e uma espécie de resumo daquilo que pode acontecer quando se está numa boa onda. Dir-se-á que foi contra a mais fraca seleção das oito presentes –e é verdade –, mas estas coisas dos domínios da fé – ou da magia – não olham a rankings. Simplesmente acontecem. Era a isso que aludia Otávio na declaração que parecia feita em nome de toda a classe profissional. O próximo teste a estes insondáveis domínios está já marcado para quartafeira. Agora sem Pepe e contra Chile, campeão sul-americano, ou Alemanha, campeã mundial. Mas com Fernando Santos e esta fé – ou magia – que não cessa de surpreender.