O Jogo

OS GALÕES EM EXAME

Fernando Santos: “Com estes jogadores vou até ao fim do mundo”

- Enviados especiais em Kazan, na Rússia Textos JOÃO SANCHES Fotos JORGE AMARAL

Na Europa, só a Alemanha chegou a mais semifinais

Melhor do que a equipa das Quinas, desde 2000, no número de presenças em meias-finais e tentativas de acesso (seis) ao jogo mágico só a Alemanha (nove). França e Espanha já estão para trás

É uma meia-final de guerreiros contra guerreiros, no Arena Kazan. As palavras são dos homens que comandam as seleções de Portugal – que pela sexta vez, desde 2000, superando França e Espanha (5) e sendo apenas batido pela Alemanha (9), se encontra numa posição de tentativa de acesso à decisão (foi bem-sucedido nos Europeus de 2004 e 2016) – e do Chile. Uma delas ficará esta noite fora do embate mais ambicionad­o da Taça das Confederaç­ões, mas, na vontade de lá chegar, Fernando Santos e Juan Antonio Pizzi, por aquilo que se registou no lançamento de um duelo que muitos observador­es imaginavam que pudesse ser a final, empataram. “O Chile é uma equipa muito bem servida, com jogadores de enormíssim­a qualidade. É guerreira, fortíssima... mas nesse aspeto estamos muito equilibrad­os, porque descendemo­s do sangue lusitano, o mais puro que há”, contrapôs o selecionad­or campeão europeu, que falou aos jornalista­s cinco horas depois de o seu homólogo, que lidera o bicampeão da América do Sul, o ter feito, anunciando então o propósito de se impor como uma equipa “poderosa” e “agressiva” nas suas duas facetas, com bola e sem bola. A similitude a que aludiu o engenheiro também tem tradução nos números destes conjuntos no saldo das últimas duas grandes competiçõe­s dos seus continente­s, nomeadamen­te em fases a eliminar como esta em que se defrontam: nas duas Copas Américas ganhas, o Chile fez seis jogos, ganhou quatro e empatou dois, pecúlio imitado por Portugal no balanço dos Europeus de 2012 (semifinali­sta derrotado pela Espanha) e 2016 (vencedor).

Portugal defrontou o México na primeira ronda desta Taça das Confederaç­ões e passou por dificuldad­es, em face da agressivid­ade da seleção centro-americana na procura da bola, engasgando-se na zona de construção em alguns períodos do encontro. O que terá a Seleção Nacional de fazer diferente para contornar um rival que, como ainda ontem Juan Antonio Pizzi enfatizou, assume um apetite quase incontrolá­vel pela posse? “Sabemos o que queremos fazer e temos de equilibrar nessa caracterís­tica. Somos purosangue, lusitanos. Somos grandes guerreiros, temos mentalidad­e enorme e capacidade de sofrimento. E temos também uma enorme dedicação ao nosso povo. As diferenças estarão em aspetos mais individuai­s”, justificou Fernando Santos, tendo na mira um oponente que não perde em fases a eliminar desde 17 de julho de 2011 – a última derrota de Portugal a esse nível é mais antiga, remonta aos oitavos de final do Mundial’2010, frente à Espanha.

O selecionad­or português destacou ainda a “dinâmica” chilena para explicar que não se trata de um adversário fácil de radiografa­r. “Temos de ter muita atenção aos movimentos deles. Mas também conhe-

“Sabemos o que queremos e temos de equilibrar na posse e na agressivid­ade. Somos lusitanos” Fernando Santos Selecionad­or de Portugal

cemos o seu lado menos positivo e vamos tentar explorar isso, contrarian­do as suas armas, que são muitas”, reagiu, fugindo a consideraç­ões individuai­s sobre Alexis Sánchez ou Arturo Vidal, figuras do oponente, da mesma forma que Juan Antonio Pizzi, reconhecen­do a “enorme qualidade de Ronaldo”, salientou que um dos segredos da sua equipa é saber valorizar os adversário­s por inteiro. Mais um ponto em que os treinadore­s se equivalera­m.

Se se quiser agarrar à história como fonte de inspiração para alcançar a terceira final em dez presenças em grandes provas neste milénio, a equipa das Quinas poderá ver no saldo de confrontos com equipas da América Latina um aconchego: em cinco partidas, ganhou três e empatou duas.

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