“Somos valentes, poucos mas bons”
Os chilenos terão muitos adeptos a puxar por eles, mas o selecionador luso não se sente em desvantagem
Reencontrar Juan Antonio Pizzi, seu ex-jogador, “será um prazer”, declara o engenheiro, que se lança para as “meias” com muita garra: “Com estes jogadores, vou até ao fim do mundo – e vou à frente”
O currículo de Fernando Santos crescerá se Portugal, estreante na competição, for capaz de arredar o Chile do caminho e avançar para a final da Taça das Confederações, ficando à porta de novo sucesso, um ano depois de se ter sagrado campeão da Europa. Factos são factos, mas o engenheiro diz que não olha para o umbigo: “O que me motiva é o meu povo e a minha equipa.” Treinou Juan Antonio Pizzi no FC Porto. Tem medo de lhe ter ensinado alguma coisa que ele agora possa usar contra si? —Não tenho medo de nada. Foi uma honra ter trabalhado com ele; foi pouco tempo, ele tinha sido operado a um joelho, mas houve coisas que marcaram, porque estava na presença de um verdadeiro senhor. Nas conversas que tivemos, falámos muito de futebol e ele sempre deixou claro que o seu futuro ia passar pelo futebol. É um prazer reencontrá-lo. Tem nesta equipa a confiança inabalável que exteriorizou no Euro’2016? — Tenho sempre confiança inabalável. Acredito nos meus jogadores, na sua vontade, determinação e coragem. Com estes jogadores, vou até ao fim do mundo – e vou sempre à frente. Portugal e Chile são seleções que não tinham títulos até há dois anos. Este jogo será uma final antecipada, por serem os campeões da Europa e da América do Sul? — Não sei se era a final esperada. Sempre disse que havia um fortíssimo favorito, a Alemanha, e depois havia três candidatos: México, Chile e Portugal. Sabemos o peso desta prova na América do Sul, por isso é que as equipas europeias não têm vencido. O Chile tem muito desejo, mas enfrenta uma seleção que tem o mesmo desejo. Portugal tem tido poucos adeptos, o Chile terá cerca de dez mil a apoiá-lo. Isso terá importância? — É verdade que o Chile tem muita gente a apoiar, nós tivemos sempre menos, mas somos valentes – poucos mas bons. Com esses e com aqueles que no nosso país e pelo mundo estão a torcer por nós, vamos procurar dar-lhes uma grande alegria. Numa prova de desgaste rápido, ter mais 24 horas de descanso, como tocou a Portugal, poderá fazer diferença? — Isso não se coloca, porque nesta altura não há forma de mitigar esse cansaço. A questão mental é que permite ultrapassar isso. Quando se chega a uma meia-final, tudo faz com que o cansaço passe para segundo plano. A paixão sobrepõe-se. O discurso de Portugal aparenta ser mais cauteloso do que o dos chilenos. São eles que exageram na confiança, ou é Portugal que está a ser demasiado cauteloso? — Cauteloso, não. Eu digo que somos candidatos. Em campo, lá estaremos com disponibilidade total e confiança para irmos à final de São Petersburgo. O que se pede a Ronaldo, o melhor do mundo, numa Taça das Confederações? — Pede-se-lhe para ser igual a si próprio. Ele tem demonstra-
“Cauteloso, não. Eu digo que somos candidatos. Em campo, lá estaremos com disponibilidade total e confiança para irmos à final de São Petersburgo”
do isso, servindo a equipa em todos os momentos. O número de golos de Portugal a partir de cruzamentos tem vindo a subir e os centrais do Chile não são altos. É um aspeto a aproveitar? — Os seus jogadores têm uma capacidade de impulsão tremenda, são muito fortes a atacar a bola no espaço aéreo. Não vejo por aí. Novo êxito pode fazer de si o melhor selecionador português de sempre? — A única coisa que me motiva é o meu povo, a minha equipa e conseguirmos mais um feito, que ficará sempre marcado nos nossos corações.