O Jogo

O jogador e o(s) estilo(s)

- Luís Freitas Lobo www.planetadof­utebol.com

Porque não há melhor forma de um jogador reclamar para si protagonis­mo, Vidal menorizou o estilo que tantos elogiam ao futebol chileno pós-Bielsa resumindo o jogo da sua seleção numa frase: “Qual estilo? Pressionam­os o mais que pudermos e furamos até criar situações de golo. Foi sempre assim!” Os adeptos do esforço (a intensidad­e no vazio) terão gostado desta reflexão que, no fundo, espelha um estado de ânimo que nunca faltou às equipas chilenas ao longo da história, mas que nunca as fez perceber a diferença fundamenta­l entre jogar para pressionar e pressionar para... jogar. Essa revolução estilístic­a diz, em síntese, a forma como se olha para o jogo: se primeiro se olha para como ter a bola ou para como a roubar. É o que faz a diferença do Chile pós-Bielsa (que podia não ter Vidal no onze) e serviu de base inspirador­a ao seguinte de Sampaoli. Pelo meio, Borghi não percebeu o conceito e Pizzi tenta o compromiss­o entre o sentimento e o jogo, mas com a astúcia de nunca colocar em causa o que foi feito antes. Uma coisa também é certa: Vidal está cada vez melhor jogador. Estranho? Não. Porque também passou a distinguir a pressão para não deixar jogar daquela que tem como pressupost­o um local predefinid­o para recuperar a bola (em zonas altas) e depois jogar com respeito por ela. O “antigo Vidal” seria impossível de adaptar-se a um estilo de Guardiola. O “atual” adapta-se a esse como a outro qualquer. A sua forma de olhar/sentir o jogo pode ser a mesma. A sua forma de o jogar/ posicionar-se é muito diferente. E isso é estilo. Onde este Chile melhorou foi defensivam­ente, porque passou a perceber melhor a importânci­a de saber... perder a bola. Antes, era empolgante quando a tinha. Era perturbant­e mal a perdia. Aquilo que o fazia ganhar era o mesmo que depois o fazia perder. Não é uma questão de mudança de sistema (passar do risco da defesa a “3” para a clássica a“4”) . É questão de entender como o meio-campo tem de ser um local de pressão para controlar a posse adversária e a posse da própria equipa( primeiro ,“posse consentida ”, depois ,“posseÉ contra este onze de Vidal (“pressionar até furar”) que Portugal vai jogar.

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