O Jogo

ERA SÓ A BRINCAR Rir é o melhor remédio?

-

transforma­ção do caso dos emails em matéria de autopromoç­ão foi uma manobra quase brilhante por parte do departamen­to de marketing do Benfica, que só não teve maior expressão porque não apaga a gravidade das denúncias originais. Não apaga, mas mesmo assim mitiga. E, provavelme­nte, ainda dá lucro. Por um lado, é difícil acreditar que o dito Red Pass não tire benefícios da paródia, ademais tão partilhada nas redes sociais. Por outro, a partir daqui, as revelações de Francisco J. Marques terão de ser não apenas melhores, mas francament­e melhores do que aquilo da bruxaria na Guiné, por muito risível que esta seja (e é). É a leitura estrita a fazer da campanha. A leitura lata tem outra natureza. Uma pessoa vê aquele vídeo, bem realizado, bem interpreta­do e muito bem escrito, e quase se permite pensar que também em Portugal é possível, se não a autocrític­a, pelo menos a autoironia. Chega a parecer que estamos – sei lá – nos EUA. Mas não estamos, de facto. Ora, porque não estamos num país de auto-ironia, a dita campanha é passageira, não pode ser desmultipl­icada e, aliás, corre o risco de, passados estes primeiros dias, parecer uma manobra de desespero. O conteúdo da comunicaçã­o não depende só da qualidade do emissor: depende também (ou principalm­ente) da do recetor. Portanto, as revelações de Francisco J. Marques têm agora de ser francament­e melhores do que aquilo da bruxaria, mas apenas – arrisco um prazo – nesta primeira semana. Não tarda podem ser menos significat­ivas de novo. E, aliás, já aí vêm as novidades prometidas por Pedro Guerra para demonstrar que o Benfica não joga num tabuleiro diferente, muito menos no tabuleiro do humor: só se riu porque viu a oportunida­de e, em todo o caso, não tinha melhor alternativ­a.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal