Fernando Santos “Deixámo-nos levar pela agressividade e perdemos tempo”
A satisfação do selecionar nacional pela importante vitória sobre a Hungria não era plena, porque não gostou de assistir à hesitação dos jogadores face à vantagem no marcador
O intervalo foi o momento de viragem: Santos chamou à atenção os jogadores e exigiu o nível qualitativo da primeira meia hora. Portugal reagiu apenas em dez minutos
Fernando Santos considerou o jogo com a Hungria “muito difícil de descrever”, deixando perceber não estar totalmente satisfeito por uma vitória importante para a luta pelo apuramento para o Mundial, sobretudo pela hesitação dos jogadores. “Até aos 30 minutos, Portugal foi de longe a melhor equipa. Muito bem organizada, com muita pressão sobre o adversário e não lhe permitiu jogar. Tivemos três, quatro, cinco ou seis ocasiões de golo. A bola acabaria por entrar, pois Portugal criava situações, oportunidades. Depois, houve a expulsão do jogador da Hungria e não sei o que aconteceu. Deixámo-nos levar pelo futebol agressivo, de discussão. Perdemos 15 minutos”, apontou. Perante o cenário, o selecionador nacional explica o que mudou ao intervalo: “Chamei à atenção os jogadores. Não nos podíamos perder nesse tipo de futebol e que estávamos aqui para ganhar. Entrámos novamente para ganhar, fizemos um golo e jogámos bem 10 minutos”. O facto de Portugal ter “tido sempre o controlo do jogo” não bastava para tranquilizar Fernando Santos, que ficara com “a sensação de que para os jogadores era um encontro de grande responsabilidade e sentiram-no como uma grande final. Após o 1-0, ficaram na dúvida. Controlavam ou deviam continuar? Houve momentos de travagem. Foi jogo controlado, mas sempre difícil e com alguma ansiedade dos nossos jogadores, que percebo”, destacou.
O selecionador justificou depois a aposta em Danilo. “O William há muito que não jogava e no fim do jogo com as Ilhas Faroé sentiu algumas dores. Na minha opinião, se o puséssemos a jogar de início poderia ter de fazer uma substituição.” E Fábio Coentrão jogou porque Fernando Santos pretendia “dar ao corredor esquerdo algo diferente”. “Ele é mais tipo médio e pode entrar por dentro e por fora”. O Eliseu, reconhece o selecionador, “tem sido excelente, mas entra sempre mais por fora” do que o Fábio Coentrão. O lateral-esquerdo, de resto, acabou por sair lesionado, mas “esteve sempre muito bem nos treinos, nunca teve problemas. Infelizmente teve de sair. Estava a jogar bem. Com o Fábio em campo, poderia ter feito outras substituições. Isso condiciona”, lamentou Fernando Santos, que viu em Gelson uma oportunidade “para dar mais velocidade e mais amplitude e verticalidade ao jogo”, enquanto “Bernardo Silva foi mais para controlar”.
“Após o 1-0, ficaram na dúvida. Controlavam ou deviam continuar? Houve momentos de travagem” “Estava a jogar bem. Com o Fábio em campo, poderia ter feito outras substituições”
Fernando Santos
Selecionador nacional