Próximo objetivo: final do Mundial
O s jogos não se ganham no início, mas podem perder-se no início! Contra Moçambique, Portugal apresentou-se com uma equipa mais equilibrada e rigorosa nas diferentes fases. Com um ritmo de jogo mais baixo, sem tanta verticalidade, mas ciente de que era necessário ter controlo, marcar primeiro e desgastar as principais peças do adversário – estes foram objetivos cumpridos. Inaugurado o marcador e ampliada a vantagem, começou a rotação da equipa. Portugal tornou-se mais pressionante com bola e sem ela, mais vertical e com naturalidade e em transição dilatou a vantagem. Foi muito boa a estratégia delineada para o jogo. Os jogadores estavam mais racionais e conscientes do seu valor atual e do que se lhes pedia. Gostei de ver, finalmente, o ataque posicional da equipa a funcionar, variando o 3:1 e 2:2 de forma natural, e aproveitando mais os segundos momentos das ações, nos quais Moçambique apresentava dificuldades. No segundo tempo já não estivemos tão bem. Um menor equilíbrio e falhas na leitura do jogo permitiram muitas transições e demasiadas situações de finalização ao adversário. Sem ter o resultado em perigo, perdemos uma boa oportunidade para sistematizar o que de bom
Não será necessário um grande e talentoso Portugal, mas sim uma equipa rigorosa, disciplinada, solidária e pronta a sofrer
tínhamos realizado na primeira parte. Agora, a Argentina está de novo no nosso caminho, mas numa outra realidade: é um jogo a eliminar e com a possibilidade de atingirmos a final. Não creio que o selecionador volte a apostar no mesmo cinco inicial. O ritmo e a intensidade de jogo serão outros, no processo ofensivo e defensivo a Argentina impõe outra dinâmica e pressão. Portugal terá de, com bola e sem ela, pensar e executar mais rápido, mas sem nunca perder o controlo de jogo. Como havia previsto, Angola esteve quase a eliminar a Argentina e isso, para nós, não será muito positivo. Acredito que o susto que sofreu lhe despertará os sentidos. Escutando as declarações dos nossos jogadores no final da partida, percebi que, para além de tranquilos e felizes com a subida do nível coletivo e individual, estão confiantes e, ao mesmo tempo, conscientes do que será o jogo de hoje. Não será necessário um grande e talentoso Portugal, pois não me parece o momento para isso, mas sim uma equipa rigorosa, disciplinada, muito solidária e pronta a sofrer. Neste tipo de jogos não é necessário motivar os atletas. Eles intrinsecamente já o fazem. Se a isto juntarmos um outro ingrediente, que contra Moçambique já se viu em pista, a alegria de jogo, podemos com naturalidade afirmar que Portugal pode vencer esta boa Argentina. Como diz o velho ditado português, “não interessa como começa, interessa como acaba”. Vamos Ursos, que temos uma final para alcançar!