GOLO CAÍDO DO CÉU
O Portimonense entrou em campo sem complexos, com um futebol apoiado e acutilante, algo que deixou os encarnados em evidentes dificuldades. O empate esteve à vista, mas o prémio saiu à casa Encarava o Benfica a receção ao Portimonense como uma oportunidade para recuperar da escorregadela ocorrida na ronda anterior, ante o Rio Ave, em Vila do Conde, buscando uma vitória que também desse andamento à equipa já a pensar na entrada em cena na Liga dos Campeões, na próxima terça-feira, com o CSKA Moscovo. O objetivo de somar os três pontos foi alcançado, mas a exibição apresentada no palco da Luz foi pintada em tons bastante escuros, frente a um Portimonense que mostrou argumentos suficientes para puder aspirar a algo mais, tendo apenas sido “traídos” por um golo caído do céu aos trambolhões – pensarão os algarvios –, num cruzamento/remate de André Almeida, que para os benfiquistas foi um golo fantástico.
A verdade é que, o que se viu até ao minuto 78 e daí em diante não pode ser desvalorizado. Porque sobre o relvado da Luz esteve um Portimonense que deixou o autocarro no estacionamento inferior do recinto e o camião no Algarve, como havia afirmado o seu treinador, Vítor Oliveira. Ao dizer não a estratégias de maior contenção, de apresentação de um bloco baixo ou de um acantonamento junto à sua área, a formação visitante apresentou-se com ambição e umaestratégiadetransiçãorápida, de aposta na velocidade de ponta dos seus extremos – Nakajima, sobretudo, foi dor de cabeça constante –, sustentada por um miolo “bom de bola”, mas rijo no embate.
Do outro lado, e com a recuperação de Pizzi, Rui Vitória manteve o seu criativo no onze,juntando-lhe,destavez, Samaris, preterindo ainda Rafa para dar lugar a Zivkovic. No entanto, e contrariamente ao que o Benfica costuma produzir, a equipa apresentou-se amorfa, demasiado parada, sem velocidade e sem profundidade. Pizzi não pegava no jogo e, quando o tentava, raramente encontrava linhas de passe, mesmo quando Jonas recuava para dar apoio em zona central, notando-se a falta de apoio ofensivo dos laterais por ter Eliseu preso atrás na marcação a Wellington e André Almeida sem sincronia com Zivkovic. Na frente, Seferovic, também lento, era presa fácil para os centrais.
É verdade que, mesmo assim, o Benfica criou algumas, raras, oportunidades, o Portimonense também as criou e encontrou primeiro o caminho do golo (56’), num feito que já justificava pela atitude e capacidade de desequilíbrio, mas que pouco durou. Salvio, que entrou ao intervalo, agitou as águas e trouxe maior profundidade no jogo exterior e interior, como mostrou no lance que ditou o empate, num penálti por ele sofrido e convertido por Jonas (60’).
OBenficaentravaagoramais no jogo, Jonas e Seferovic quase faziam a festa, mas foi o tal lance de André Almeida, tirado junto à linha lateral, que desequilibrou os pratos da balança quando os adeptos encarnados já davam mostras de irritação. Mas o Portimonense, mesmo com dez unidades, não caiu, insistiu e lançou-se no ataque, fazendo estremecer um campeão agora nervoso e complicativo, já sem defesa (Samaris a central e sem Eliseu) e incapaz de controlar o jogo. E o golo do empate chegou, mas a videovigilância safou (e bem) o Benfica.