UM AMASSO EM PART-TIME DÁ GÁS AO SONHO
IMPLACÁVEL Primeira parte de luxo dá alento para morder calcanhares aos colossos na luta pela passagem. Dois golos sofridos nos últimos 5’ deslustram exibição
Leões ainda enviaram três bolas aos postes, desperdiçando a oportunidade de sair do Pireu de bolso cheio. Doumbia talhado para jogos da Champions, secundado pelo irreverente Gelson Martins
Feroz e voraz, o coletivo organizado por Jorge Jesus deu um verdadeiro amasso ao heptacampeão grego em apenas meia contenda, uma espécie de serviço em part-time, deixando a restante para a gestão e a recolha dos despojos do triunfo por 3-2, que é como quem diz os três pontos, ainda que Pardo tenha feito um sério aviso nos cinco minutos finais, ao reduzir o mercador para a diferença mínima. A vitória coloca os leões em vantagem numa eventual luta direta com a formação helénica pelo terceiro posto no grupo, mas, sobretudo, oferece o alento de um eventual aperto aos colossos Barcelona e Juventus.
Apostando em Doumbia para ponta de lança no lugar de Bas Dost – fórmula que já tinha sido de sucesso na goleada de Bucareste, no play-off – Jorge Jesus deixou que a mobilidade do seu ataque criasse problemas no desorganizado e lento bloco defensivo contrário. Mas, antes que tal acontecesse, já o marfinense tinha mostrado argumentos na finalização,abrindoacontagem a frio, após centro de Acuña aos 2’, e moralizando os forasteiros para uma primeira parte de luxo. Ainda os gregos procuravam encontrar um fio condutor para o seu jogo, algo que nunca conseguiram, e Gelson Martins dava uma punhalada no entusiasmo contrário. A eficácia na finalização foi tremenda, à altura do que a competição exige, e, então, veio ao de cima a perspicácia e inteligência dos homens de Alvalade. Juntando os blocos, olhando para um rival previsível e fútil nos intentos, os comandados de Jesus esperaram estrategicamente e sem espinhas atiraram duas bolas à barra, perderam mais duas ocasiões flagrantes na cara de Kapino – uma delas, imagine-se, por Coates, após arrancada de 40 metros – e tiveram em Bruno Fernandes, de novo, o selo do triunfo, após abertura do central uruguaio.
Tranquilos com uma vantagem de três bolas para o descanso – algo que só por uma vez tinha acontecido na história centenária do clube em provas europeias, em 1981 –, os leões recorreram, e bem, a William Carvalho para gerir os ritmos das transições, congelando as mesmas, enquanto Bruno Fernandes centrou-se na consolidação da posse de bola. E nem o descuido de Rui Patrício, aos 63’, deixando a bola nos pés do isolado Emenike, dentro da área, chegou para assustar. O destino do encontro estava traçado, Bas Dost e Bruno César pouco ou nada mudaram, enquanto do outro lado, o adiantamento de Odjidja foi um sinal de inconformismo.
Mas depois apareceu Pardo, a última aposta do técnico grego. O ex-bracarense colocou a nu fragilidades defensivas de Jonathan Silva, escondidas pelo comportamento coletivo durante 85’ e pela inoperância caseira. Em escassos minutos, colocou o marcador na diferença mínima e mostrou que o lateral argentino não tem arcaboiço para estas andanças. Um aperto desnecessário...