O Jogo

TURCOS DERAM BANHO GELADO NA REAÇÃO AZUL

FRUSTRAÇÃO Dragões entram mal na Liga dos Campeões, permeáveis na defesa e perdulário­s no ataque. O Besiktas de Quaresma e Pepe não perdoou

- Textos JOÃO ARAÚJO

Durou poucos minutos a igualdade que os portistas conseguira­m restabelec­er após o golo inicial de Talisca. Depois de um primeiro tempo em que criaram ocasiões, entregaram-se ao jogo ardiloso dos turcos

“Isto é a Champions!”, dirá um pensador da bola quando confrontad­o com o sucedido ontem no Estádio do Dragão, onde uma equipa que, até aqui, não tinha sofrido qualquer golo em cinco jogos oficiais e encaixou três de uma só vez, marcando apenas um. O FC Porto, a viver idilicamen­te a nível interno, esbarrou de frente contra a dura realidade europeia, onde há equipas como o Besiktas, de gama média, que não assustam como “tubarões”, mas têm experiênci­a e qualidade individual suficiente­s para “aniquilar a presa” no momento certo. E a verdade é que o FC Porto se pôs a jeito – defensivam­ente, Danilo passou demasiado tempo sozinho a combater muitos adversário­s na zona intermédia; ofensivame­nte, ao desperdíci­o de uma série de boas oportunida­des para marcar juntou-se a saída do jogo de Óliver, que no primeiro tempo parecera omnipresen­te no meio-campo ofensivo, deixando nas costas de Brahimi todo o peso de tentar desequilib­rar.

Esta foi uma derrota com contornos de sadismo para os azuis e brancos, que vale a pena olhar desde o início. Sérgio Conceição estava privado de Aboubakar, a cumprir castigo pelo que fizera na última época ao serviço, precisamen­te, do Besiktas, devolvendo ao onze Soares, a fazer dupla de ataque com Ma rega, e também Ricardo na lateral-direita, em detrimento de Layún. Mas havia mais: adorado pelo Dragão, foi o ex-FC Porto Quaresma quem recolheu uma bola perdida no ataque e cruzou para o ex-Benfica Talisca abrir o marcador, de cabeça e no coração da área do FC Porto... O jogo tinha apenas 13 minutos mas já mostrara muito – que os dragões tinham pressa em passar da defesa para o ataque, com bolas longas a queimarem linhas e que o Besiktas iria viver de combinaçõe­s entre os seus experiente­s e virtuosos homens do meio-campo em diante, que deixavam o sector defensivo da casa “às aranhas”. Com o golo, soltaram-se as rédeas da partida!

A reação portista foi boa, com velocidade, boas combinaçõe­s no ataque e, primeiro, um aviso e, depois, o empate. Ó li vera certouno poste, Ma rega, num canto, forçou o autogolo de Tosic. Parecia um recomeço. E foi, mas do pesadelo, poisa equipa turca voltou à vantagem com um grande golo de Tos une o FC Portoacuso­u o golpe, começando a usar mais força de vontade do que cabeça.

Contra o Chaves já tinham ficado indícios de despistes defensivos, mas este Besiktas não perdoa. E ficara também um regresso enérgico dos portistas do balneário, que Sérgio Conceição tentou ontem reeditarco­mum a dupla substituiç­ão. E se a entrada de um segundo homem para a zona intermédia( André André) se impunha, face à facilidade de Ozyakup, Talisca e companhia nas saídas para a frente, trocar Óliver por Otávio foi um tiro ao lado. O brasileiro pouco fez e acabou mesmo a recuar para o lado de André André com a entrada de Hernâni, quando havia que tentar tudo para chegar ao empate.

Senol Gunes também mexeu, mantendo a bitola. Fez entrar Medel, pilar do Chile bicampeão sul-americano, e o consagrado Negredo, que com Babel construiu o lance que o holandês transformo­u no terceiro do Besiktas. Era o prelúdio da festa turca na primeira vitória de uma equipa daquele país sobre o FC Porto, que levou uma lição de realidade. Isto é a Champions...

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André André, Otávio e Soares desiludido­s
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