Liga Ibérica é para avançar
Portugal e Espanha reforçaram laços de colaboração, mas o maior projeto ainda precisa de acertos
Juntar os campeões dos dois países para a disputa de um troféu, ou incluir num torneio mais alargado os vencedores das taças da Liga são hipóteses em estudo. E ainda sem datas definidas
As ligas de Portugal e Espanha, por intermédio dos seus presidentes – Pedro Proença e Javier Tebas, respetivamente –, formalizaram ontem, em Madrid, um acordo de cooperação no qual sobressai, entre as várias alíneas, a vontade de abrir caminho à criação de uma futura Liga Ibérica, projeto ainda sem moldes definidos e sem datas estabelecidas, mas cujo embrião pode ser testado já na próxima pré-temporada com a realização de um torneio quadrangular. Esta hipótese experimental – que, a avançar, seria por convite – também não ficou com contornos definidos no encontro de ontem, até porque, em ano de Mundial, é necessário articular essa vontade com disponibilidade de datas e clubes.
Especificamente sobre a desejada Liga Ibérica, a ideia terá ainda de ser trabalhada e rati- ficada pelos clubes, mas pode passar, por exemplo, por uma competição que junte os campeões de Espanha e Portugal, numa espécie de troféu peninsular. Outra hipótese em cima da mesa, segundo apurou O JOGO, passaria por colocar em confronto, além dos campeões, os vencedores da Taça da Liga dos dois países, alargando-se, assim, o leque de candidatos.
Deste acordo, em concreto sobra o desejo de estreitar relações e fomentar o intercâmbio de ideias. Os espanhóis pretendem avaliar junto da congénere portuguesa o impacto que a implementação do videoárbitro por cá está a ter nos clubes e respetivas SAD. Uma avaliação não na vertente técnica, processo que está nas mãos da Federação e não da Liga, mas apenas no que diz respeito ao acolhimento por parte dos clubes desta experiência pioneira.
A Liga portuguesa, por sua vez, está interessada em aprofundar conhecimentos sobre a forma como Espanha solucionou o grave problema financeiro que estrangulava os emblemas espanhóis. Recorde-se que as gigantescas dívidas fiscais dos clubes estiveram na base do decreto que levou à centralização dos direitos televisivos, por exemplo.
“A Liga espanhola é hoje uma referência em termos mundiais, teve processos únicos, conseguiu fazer a alavancagem do modelo de negócio que também queremos aproveitar em Portugal”, disse Pedro Proença. Este acordo, frisou ainda, “é o resultado de dois anos de trabalho entre as duas ligas”. Para Javier Tebas, o intercâmbio, além das vertentes já explicadas, permitirá “partilhar informações das últimas temporadas em termos de gestão, assim como controlo económico, internacionalização e área digital”.
“Esperamos que até ao final do nosso mandato, em 2019, consigamos criar a Liga Ibérica”
Pedro Proença Presidente da Liga