O Jogo

SURPRESA É REGRA

Como comprova a própria história, ficar de fora das qualificaç­ões não significa que se falhe a fase final de um torneio

- RODRIGO CORTEZ

Renato Sanches foi uma das grandes surpresas do último Europeu, depois de ter passado o apuramento de fora. Maniche também o foi mas na lista para o Euro’2004. Não há razões para desesperos

bbbFernand­oSantosuti­lizou 29 futebolist­as na fase de qualificaç­ão para o próximo Campeonato do Mundo, o que está longe de significar que quem não fez os jogos oficiais anteriores esteja de fora da lista final de 23 elementos que vai à Rússia.

A própria história assim o demonstra, uma vez que, até hoje, em todas as fases finais de Mundiais e Europeus que disputou, a Seleção recorreu sempre, sem exceção, a jogadores que não foram utilizados nos apuramento­s.

São as surpresas de última hora ou, por vezes, jogadores já consagrado­s que por uma razão ou por outra não foram chamados na fase de apuramento. Outra razão plausível para isso acontecer, por exemplo, terá tido a ver com a experiênci­a de alguns em grandes torneios, o que pode pesar numa – surpreende­nte – decisão final para a convocatór­ia.

Certo é que têm sido mais do que muitos os “Renatos Sanches” desta vida. E lançamos aqui o nome do atual médio do Swansea por duas razões: porque ilustra esta situação relativame­nte à última grande competição em que Portugal esteve presente (Europeu de 2016) e, por outro lado, porque foi uma das grandes revelações da prova, apesar de, na altura, já estar comprometi­do com o Bayern Munique.

Para além dele, como pode ver-se na lista ao lado, outros nomes que fizeram história nas fases finais tinham passado os meses anteriores a jogar exclusivam­ente nos clubes (ou na Seleção, mas só em particular­es).

Foi o caso de Vidigal no Euro’2000 ou dos estreantes que brilharam no Euro’84, como o portista António Sousa ou o benfiquist­a Álvaro. No Mundial’2002, Vítor Baía também foi chamado (e jogou a titular) depois de ter falhado a fase de apuramento – mas, no caso, devido a uma lesão. A posição de guarda-redes, aliás, apresenta algumas especifici­dades em relação a esta situação, uma vez que vários têm sido os exemplos de atletas que passam as qualificaç­ões à sombra dos habituais titulares e depois acabam por ser – naturalmen­te – chamados à fase nal, como Damas, tantas vezes suplente de Bento.

Lembremos ainda o exemplo de Maniche, que não esteve nos jogos anteriores ao Euro’2004 por castigo, mas que depois acabou por estar no torneio realizado em Portugal – e de forma exuberante, com dois golos decisivos, um dos quais frente à Holanda, nas meias-finais, a garantir a vitória de Portugal e, consequent­emente, a presença na final.

 ??  ?? Ricardo Ferreira, Rúben Neves, Cancelo e Gonçalo Paciência procuram apanhar o último “comboio” para a Rússia
Ricardo Ferreira, Rúben Neves, Cancelo e Gonçalo Paciência procuram apanhar o último “comboio” para a Rússia

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