O Jogo

OLIVEIRA É DOS MAIS VALIOSOS

MOTORES Português, que vai procurar no Grande Prémio de Valência o terceiro triunfo consecutiv­o, é dos que levam mais épocas como piloto pago. Os melhores de Moto2 têm contratos a rondar os 100 mil euros

- ANTÓNIO G. RODRIGUES

A Moto2 fica muito distante dos 10 milhões anuais pagos a Rossi ou a Márquez, mas as melhores equipas investem quase tanto como as privadas de MotoGP, que têm uma ajuda de cinco milhões

Uma equipa privada de

bbb MotoGP gasta 7,5 milhões de euros por época, dos quais o promotor do campeonato, a Dorna, compartici­pa com cinco milhões. Ou seja, o investimen­to próprio é de 2,5 milhões, valor semelhante ao das equipas que lutam pelo título de Moto2, como será a KTM Ajo de Miguel Oliveira. Esta questão tem gerado desconfort­o, embora não se estenda aos pilotos: entre esses a diferença de categorias está bem expressa, pois os 100 mil euros dos melhores de Moto2 ficam aquém dos 150 mil dólares dos mais baratos de MotoGP e longe dos 10 milhões de Rossi e Márquez.

“Oferecemos o que podemos. Estão a reivindica­r algumas coisas estúpidas”, diz Carmelo Ezpeleta, presidente da Dorna, perante os lamentos das equipas de Moto2, que querem parte da ajuda dada aos privados de MotoGP, de 2,5 milhões de euros por cada piloto. A sugestão é de um aumento dos valores atuais, de 150 para 500 mil euros.

A O JOGO, Paulo Oliveira, assessor desportivo e pai de Miguel Oliveira, admite que uma equipa de Moto2 precisa, no mínimo, de 1,8 milhões de euros para correr, “um valor que contempla já a logística, mecânicos, engenheiro­s e outros técnicos, inscrições no campeonato­etudoaquil­oque obriga a integrar na categoria”.

GiovanniCu­zari,daForward Racing, deu números exatos ao crash.net, explicando que uma equipa de topo de Moto2 precisa de 2,5 milhões de euros. E ambos confirmam ainda que os valores entre Moto2 e Moto3 não diferem muito. “As categorias de Moto2 e Moto3 são muito similares, até porque a Moto3 envolve mais tecnologia que a Moto2”, explica Paulo Oliveira. Miguel Praia, antigo piloto e comentador televisivo, lembra que em Moto3, por haver um desenvolvi­mento e um chassis próprio, “a categoria é, por vezes, tão ou mais cara do que Moto2, onde o motor é limitado e igual para todos”, fornecido pela Honda. Ainda assim, cada propulsor chega a custar 12 mil euros e cada equipa tem acesso a seis motores por temporada, lembra Paulo Oliveira.

Outra grande diferença entre as principais categorias reside no gasto com os pilotos. “Em Moto2, apenas meia dúzia dos pilotos da frente são pagos. Os restantes pagam para correr”, explica Miguel Praia. Na KTM Ajo, onde Miguel Oliveira é líder e Brad Binder o segundo piloto, ambos são pagos.

Os melhores da categoria intermédia podem ganhar entre 100 mil e 150 mil euros por ano, se já incluirmos os bónus por resultados. Mas mesmo entre esses há casos, como o de Tom Luthi (segundo no Mundial), que têm patrocinad­ores a financiar o próprio ordenado.

Em MotoGP, os valores são bastante mais elevados. Segundo o site totalsport­ek, Valentino Rossi e Marc Márquez lideram a lista dos mais bem pagos, com 8,6 milhões de euros anuais cada um e a isso somam os proveitos publicitár­ios, que no caso de Ros- si chegam a cinco milhões por ano. “Mas há muitos pilotos na grelha que pagam para correr”, explica Miguel Praia. “Uma equipa privada prefere contratar um piloto com menos talento mas que garante 300 ou 500 mil euros de orça-

mento do que apostar num melhor mas sem tanto apoio financeiro. Com isso, perde a qualidade do campeonato. Não se importam de ficar em décimo ou 12.º, em vez de sexto ou sétimo, mas com o orçamento mais composto”, sustenta. “Isto valoriza ainda mais o trabalho do Miguel Oliveira, que há muito tempo é pago. Mas tem de lutar para fazer valer o seu talento, pois não tem estes apoios. Esta realidade é péssima, pois baixa a qualidade. O talento começou a ser secundário face ao dinheiro”, conclui Praia.

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