O Jogo

Bate recorde do ídolo Shilton aos 47 anos

Paul Bastock cumpriu no sábado 1250 jogos como sénior, num clube do nono escalão. A marca anterior tinha 20 anos

- JOÃO ARAÚJO

Praticamen­te 29 anos depois de ter começado a jogar e quatro dias após um acidente de carro, o modesto “keeper”, que quase deixou o futebol há umas semanas, tornou-se recordista mundial

“Quando era miúdo, tentava imitar tudo o que o Peter Shilton fazia”, disse Paul Bastock, citado pela Imprensa inglesa, antes de bater o recorde do mítico guarda-redes da seleção inglesa (que esteve, por exemplo, no lado infeliz do golo de Maradona com a “mão de Deus”). “Como não era o mais alto, até me pendurava na barra da baliza para tentar esticar o meu corpo”, prosseguiu o guardião do modesto Wisbech Town, lembrando o que fazia na adolescênc­ia, tal como Shilton.

Se o antigo internacio­nal inglês teve uma carreira de 31 anos, tendo-se retirado aos 47 e com 1249 encontros como sénior, Bastock precisou de quase 29 anos para chegar aos 1250, embora sem o mesmo mediatismo. O empate de sábado com o Thetford Town, em partida do nono escalão do futebol inglês, assinalou um recorde que esteve para nem acontecer. “É algo com que nunca sonhei, mas à medida que os jogos iam passando, só pensava em não me lesionar.” Na terça-feira da semana passada sofreu um pequeno acidente de carro, e por culpa

Paul Bastock jogou em 18 clubes, todos eles de escalões amadores própria, como referiu à BBC. “Omeuprimei­ropensamen­to foi para a senhora – estava bem –, mas depois pensei: ‘Será que o meu corpo está bem?’”, lembrou o novo recordista, que agora já pode cumprir a promessa de ir com o filho jogar golfe à Turquia, como presente do 21.º aniversári­o.

Semanas antes de bater esta marca com 20 anos, o “keeper” quase deixou o futebol. Porém, o treinador do Wisbech, Gary Setchell, conseguiu convencê-lo a continuar. “Ia abandonar porque estava zangado com o futebol. Mas o treinador disse-me que este recorde tinha de ser batido e eu pensei: ‘Bem, é apenas um recorde, quem se importará?’ Para meu grande espanto, tornou-se uma loucura”, referiu. E, de facto, a notícia de que o longo recorde de Shilton tinha caído “Nunca sofri nenhum golo assim [como o da ‘mão de Deus’], mas sofri todo o tipo de golos imaginávei­s e ainda mais alguns”

Paul Bastock correu primeiro a Inglaterra e depois o mundo. O autor identifica os responsáve­is: “É mérito do ‘Setch’ e, claro, da minha mulher, que não parou de me chatear para eu tentar bater o recorde do Shilton...”

Produto da formação do Coventry City, Bastock cruzouse,najuventud­e,comalgumas figuras do passado recente do futebol britânico, casos de Shearer ou Le Tissier. Nunca chegou, porém, a jogar pelos Sky Blues ao mais alto nível, tendofeito­carreiraem­18equipas amadoras. Questionad­o sobre se alguma vez sofreu um golo como o que Maradona marcou ao seu ídolo, no Mundial do México’86, bastock respondeu que não. “Dei muitos frangos,masnãosofr­inenhum como esse. Sofri todo o tipo de golos imaginávei­s e mais alguns”, afirmou, entre risos.

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