O Jogo

“HÁ TRÊS ANOS ERA PEDREIRO

Cláudio Falcão saltou, diretament­e, da equipa B, que jogava na AF Porto, para titular na época de regresso do clube à I Liga

- JOÃO MAIA

Cláudio Falcão é, neste momento, o sexto jogador mais utilizado do Aves no campeonato. No entanto, o médio, de 23 anos, esteve para desistir do futebol em 2015 e até chegou a ser ajudante de pedreiro

Não há muitos casos de jogadores que saltam do Distrital para a I Liga. Como avalia este trajeto? —Foi um caso bem especial. Saltei da Distrital para a I Liga, mas tenho que lembrar a oportunida­de que o Ricardo Soares me deu de ficar no plantel e que eu soube aproveitar. Estreou-se no campeonato logo frente ao Sporting. Que diferenças sentiu face à Distrital?

—Bastantes... Logo a começar no público, o estádio estava cheio e esse foi um ponto muito diferente. Depois, a qualidade dos jogadores é muito superior e o nível do futebol também. Apesar de ter sido contratado para a equipa principal, na época passada jogou sempre pelo Aves B. Como se sentiu ao ver os colegas a festejarem a subida de divisão? —Pelo grupo fiquei muito feliz. Mas, por mim, fiquei triste pois fui contratado para a equipa principal, mas não consegui ter o meu espaço. É natural de Aquidauana, a mesma cidade do presidente Luiz Andrade. Conheciam-se antes de se encontrare­m no Aves?

—Logo no primeiro dia em que cheguei ao Aves, o presidente veio dizer-me que era da minha cidade, pois eu não sabia que ele era de lá. Acabámos por trocar impressões e ele disse-me onde morava, só que ele já está em Portugal há muito tempo. Dos tempos de menino no Aquidauane­nse, o que recorda? —Desde os oito anos que comecei a jogar futebol mas foi uma luta pois o futebol não tinha tanta visibilida­de em Mato Grosso. Então, o meu sonho era sair de São Paulo e tentar chegar a uma equipa com maior projeção. A minha mãe sempre me lembrou a importânci­a dos estudos, mas o resto da família apoiava-me muito e, como não tínhamos muitas posses, acabavam por fazer um “pé-demeia” quando eu precisava de ir jogar a algum sítio mais longe como São Paulo ou Santa Catarina, despesas que o clube não pagava.

Quando surge a oportunida­de do Independen­te de Limeira, cumpre o sonho de sair de Mato Grosso... —Sim, até porque o salário no Aquidauane­nse era baixo e, quando acabava o campeonato estadual, deixávamos de receber. Ainda antes do campeonato acabar, eu começava a trabalhar como ajudante de pedreiro.. Deixei de ser pedreiro em 2014 e, antes disso, tinha ido a uma entrevista para ficar com um trabalho fixo numa empresa. Pensei, na altura, que se passasse a entrevista iria deixar o futebol. Entretanto, fui para São Paulo e, passado uns dois meses, chamaram-me da entrevista a dizer que tinha passado. Contudo, para mim, foi um sinal de que eu não podia deixar o futebol.

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