Em português nos queremos entender
O clube contratou uma professora para ensinar português a Tyler Boyd, da Nova Zelândia, Nick Ansell, da Austrália, Moufi, de Marrocos, e Tembeng, dos Camarões
A professora Ângela Félix ensina português recorrendo, entre outras estratégias, à banda desenhada Calvin & Hobbes e à música de Diogo Piçarra para entusiasmar os atletas
O Tondela, 10.º classificado da Liga, tem um plantel com jogadores de nove nacionalidades e para que a comunicação flua entre todos, contratou uma professora para ensinarportuguês.Terminado o treino matinal e depois do duche retemperador, os jogadores Tyler Boyd, Nick Ansell, Moufi e Tembeng entram na sala para a quarta aula do ano, cumprimentam a professora Ângela Félix, que lhes ofereceu bolo de laranja, e sentamse de caneta e caderno abertos. A lição começou e prolongouse por 80 minutos, tendo decorridoembomritmo;primeiro com a conjugação dos verbos, “Ter”, “Jogar” e “Sentir”, entre outros, e com uma sessão de perguntas e respostas a revelar alunos atentos. Boyd e Ansell comunicam em inglês, enquanto Moufi e Tembeng só falam francês e a todos a professora incentiva. Passada meia hora, Ângela socorreu-se das aventuras do menino Calvin (Calvin & Hobbes, banda desenhada de BillWatterson)paracontinuar a merecer atenção, uma vez que já passava das 13 horas e
Tyler Boyd, emprestado pelo V. Guimarães, “é o mais conhecedor e curioso” Tyler exclamou: “Tenho fome!” Para o fim, ficou guardada a surpresa, as músicas de Diogo Piçarra levaram todos a esquecer o apetite do almoço. No final, os quatro atletas consideraram “muito mais difícil aprender português” do que “jogar futebol”. Todos consideram “importante falar português para comunicar” e afirmaram já saber falar no campo: “Ganha, marca”, soletraram. Ao desafio de uma entrevista, em português, lançado por O JOGO, Moufi, Ansell e Tembeng pediram “18 meses,doisanos”,enquantoBoyd garantiu que estará preparado no final da época. Tyler Boyd, emprestado pelo V. Guimarães, vive em Portugal há dois anos. “Estão muito empenhados em aprender e querem comunicar”, resumiu Ângela.
O central Nick Ansell conta que “aprender os verbos” é o que menos gosta. “Em inglês são fáceis, mas em Português são muito difíceis”, diz o australiano, que também conta com a ajuda de Tyler nas traduções. Já o lateral-direito marroquino Fahd Moufi e o médio-defensivo camaronês Tembeng falam francês e sentem dificuldades. “É a primeira vez que temos aulas de português. É muito difícil”, atiram. “Fiz uma aula só com os sons do abecedário. Todos os alunos são muito empenhados, mas o Tyler é o mais conhecedor e curioso”
Ângela Félix