O Jogo

Tem de haver mais nomes

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hegámos a um ponto em que ver discutido o nome de Pedro Guerra se tornou constrange­dor. Pedro Guerra já tinha sido morto e desde a entrevista de Luís Filipe Vieira à BTV que está enterrado também. As televisões ainda o usam porque o espetáculo tem de continuar. Os adversário­s continuare­m a usá-lo já se tornou sinal de que, na liga do “spinning” – isto é, na gestão de crise em sede de comunicaçã­o –, o Benfica não deixou de marcar pontos. Agora, a Justiça não ter mais para apresentar além de suspeitas sobre alguém que já desaparece­u começa a ser preocupant­e. Naturalmen­te, torna-se cada vez mais difícil acreditar que Pedro Guerra pudesse estar a organizar uma rede tão tentacular sem que o Benfica (ou alguém do Benfica) tivesse conhecimen­to disso ou disso beneficias­se. Seria coisa do domínio da patologia. Só que, quanto se trata de Pedro Guerra, a patologia nunca parece hipótese absurda. E, ademais, o argumento de defesa permanece o mesmo: o mundo está unido para o tramar, coisa que não deixa de soar a sintoma também. Não: a Justiça tem de ser capaz de implicar, sem margem para dúvidas, mais alguém. Alguém francament­e acima de Pedro Guerra. Apanhar um clube prevaricad­or (seja ele qual for) por alguém como Pedro Guerra, Paulo Gonçalves ou afins será como apanhar Al Capone por evasão fiscal. A rede é neutraliza­da, mas a história torna-se até romântica. Neste caso, e do ponto de vista da opinião pública, o ónus já passou para o lado do Benfica: é o clube quem tem de provar inocência. Mas, no capítulo das sentenças, o futebol tornou-se fértil em suspeitas-e-ilibações. E, se um caso que cresceu desta maneira falha na barra do tribunal, que mais poderemos esperar da Justiça?

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