O Jogo

TIAGO MOUTINHO “Temos uma relação de amor”

- RODRIGO CORTEZ

É português e tem tido resultados surpreende­ntes na China, o que explica com uma abordagem inovadora ao fenómeno futebolíst­ico, em parte baseada numa relação positiva com os atletas

Em duas épocas, Tiago Moutinho venceu três títulos com a formação do Shandong Luneng, dois deles de campeão nacional chinês. Tem uma percentage­m de sucesso elevadíssi­ma e O JOGO tentou perceber porquê. Quais os segredos de tantos títulos? —Em primeiro lugar, a relação e a comunicaçã­o com os jogadores.O nosso grupo tinha fal- ta de confiança e não era feliz e eu, em primeiro lugar, procurei transmitir-lhes confiança. Recuperar o prazer de jogar futebol e também procurar que sorrissem, porque a cultura chinesa é um pouco rígida. Como assim? —Recorrem muito à punição do erro. E eu procurei que eles se soltassem. Procurei dar mais liberdade ao erro, porque um jogador em aprendizag­em tem de errar. E tem de perceber por que errou. E em termos estratégic­os? —Através da análise e da observação dos adversário­s, tento perceber os seus pontos fracos. Nunca digo aos meus jogadores que o adversário é forte, nada disso. Procuro sempre é explicar-lhes os pontos fra- cos do adversário, até para os motivar e para eles irem para dentro de campo sabendo que podem fazer mossa e tirar partido desses pontos fracos. O trabalho psicológic­o é o seu ponto mais forte? —As equipas alegres e felizes zes são mais fortes. O lado psicoicoló­gico e social, o lado motivavaci­onal, o criar objetivos cururtos, o irmos ao encontro do o jogador. Eles são seres humaa- nos, também têm paixões, , também têm emoções e nós temos de ir ao encontro dessas paixões e emooções. A sua primeira preocupaa- ção é ter um grupo psicologic­amente saudá- vel? —Um treinador tem de ser

honesto e tem de saber comunicar com os jogadores de forma a criar uma empatia. Isso é fundamenta­l. A partir daqui, sim, podem depois criar-se aspetos técnicos, estratégic­os, táticos, de ordem organizaci­onal, dos diversos momentos de jogo.Masdou muita importânci­a à forma de comunicar com os jogadores.De certa forma, identifico-me com uma frase de Julian Nagelsmann, treinador do Hoffenheim, quando ele diz que o futebol é 30 por cento de tática e 70 por cento de competênci­a social. Alguns colegas até me dizem que sou o Nagelsmann português, por brincadeir­a. De que consta essa competênci­a social? —Algunstrei­na dorespensa­m

“Identifico­me com ideias do treinador do Hoffe

nheim. Há quem diga que sou o Julian Nagelsmann português” “Tentei fazer com que os meus jogadores sorrissem, porque a cultura chinesa é um pouco fechada nesse aspeto” “Procurei dar-lhes liberdade ao erro, porque um jogador em aprendizag­em tem de errar. E tem de perceber por que errou” “Eu estou apaixonado pelos jogadores e sei que eles também estão apaixonado­s por mim. E isso foi construído...”

que é fácil trabalhar isso. Que é com palmadinha­s nas costas ou simples jantares, mas não. Parte muito da identifica­ção do grupo que temos, de perceber que é preciso uma empatia entre todos. Isso é que pode resultar. Mas também conta muito o instinto do treinador. Os treinadore­s têm de decidir muito rápido e às vezes esse instinto, essa genuinidad­e, conta para os jogadores. E ajuda. E depois há também a parte da admiração. Eu costumo dizer que eu e a minha equipa vivemosuma relação de amor, como se fôssemos um casal. Eu estou apaixonado e sei que eles também estão apaixonado­s por mim. E isso foi construído com trabalho, empatia e comunicaçã­o.

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