Caso Rangel chegou até João Vieira Pinto
Programa “Sexta às 9” levanta a hipótese de o juiz desembargador ter recebido vantagens de José Veiga para influenciar o processo ligado a JVP
Programa fala em “imprecisões, contradições e vícios de raciocínio” no acórdão que absolveu José Veiga, Luís Duque e Rui Meireles, aumentando para quatro anos a pena do antigo futebolista
João Vieira Pinto pode ter sido uma das vítimas do alegado esquema de irregularidades associado ao juiz Rui Rangel, prometendo avançar de novo para a Justiça a propósito da sua transferência do Benfica para o Sporting, em 2000.
Já em 2013, João Vieira Pinto acabou condenado a quatro anos de prisão, suspensos mediante o pagamento de 508 mil euros. Uma sentença que, segundo avançou ontem o “Sexta às 9” (RTP 1), pode ter sido deturpada devido à interferência ilegal de um juiz, pelo que o antigo futebolista promete agir. “Se ficar provado que houve interferências, irei agir com todas as minhas forças e pedir a revisão da sentença”, declarou João Pinto.
Em primeira instância, os tribunais tinham acusado João Pinto, José Veiga, Rui Meireles e Luís Duque de fuga ao pagamento dos impostos relativos ao prémio de assinatura (4,2 milhões de euros) que o jogador recebeu por trocar as águias pelos leões. Na altura, JVP tinha sido condenado a um ano e meio, Duque e Meireles a dois anos e Veiga a quatro anos e meio. No entanto, após recurso, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) absolveu Veiga, Duque e Meireles, aumentando a pena de Pinto,
“Se provarem as interferências, vou pedir a revisão da sentença”
João Vieira Pinto
Diretor da FPF e ex-futebolista
atual diretor da Federação Portuguesa de Futebol. “Se era o menos penalizado e depois passei a ser o único penalizado, naturalmente que achei estranho”, comentou ontem o antigo jogador.
Rui Rangel (juiz no TRL) terá recebido “vantagens de José Veiga para influenciar decisões em três processos”. Um deles foi o de João Pinto, que “teve como relator o desembargador Rui Gonçalves”, acusado ao tempo pelo Ministério Público (MP) de “agir sem base legal para absolver Veiga, Duque e Meireles”. O acórdão “estava repleto de imprecisões, contradições e vícios de raciocínio”, pelo que Duque, Meireles e Veiga terão sido “injustificadamente ilibados”, considerou na altura o MP.
Caso se prove que Rui Gonçalves foi influenciado por Rangel após um suborno de José Veiga, João Pinto voltará aos tribunais. “Sinto uma enorme injustiça. Este caso provocou muitos estragos na minha vida pessoal e profissional. Fiquei muito fragilizado”, disse ainda JVP.