O FIM DAS SDUQ Não, não é só uma sigla
Q uando José Roquette levou para o Sporting a proposta de constituição de uma SAD, há quase 25 anos, os leões iam ser campeões não sei quantas vezes até ao ano 2000 e campeões quatro anos em cinco daí para a frente. Nada disso aconteceu. Entretanto, a tendência para a iluminação manteve-se entre os gestores do futebol português. E não deverá estranhar-se que, nos próximos meses (ou semanas), os últimos clubes da I Liga que ainda são Sociedades Desportivas Unipessoais por Quotas passem a Sociedades Anónimas Desportivas, de modo a poderem, enfim, deixar-se controlar por investidores chineses, sauditas e o mais que seja. Em nenhum caso isso estaria totalmente bem, mesmo que se revelasse um bom negócio. Não revela. A nossa seleção é campeã da Europa, mas os nossos clubes estão cada vez mais longe da primeira linha europeia. A própria seleção acabará condenada, a manterse esta voragem, porque são também cada vez mais os futebolistas estrangeiros nos nossos campeonatos. E, entretanto, os exercícios dos clubes continuam a) altamente deficitários ou b) totalmente incapazes de lidar com os passivos acumulados. Dir-se-á: é a única forma. E talvez seja. Mas ao menos que tenhamos consciência do que se passa. O futebol português já não é sequer um entreposto de compra e venda de jogadores. O futebol português começa a parecer-se uma daquelas economias virtuais do Pacífico. Por acaso fica em Portugal, mas um dia até pode ficar noutro lado qualquer. Inclusive na Internet, feito de clubes nominais (como os que se inventaram no Brasil) e a vender jogadores em bitcoins (como já se faz em Inglaterra). Não estamos a caminho de nada: limitamo-nos a empurrar com a barriga para a frente. Como fizemos ao longo da história.