O Jogo

O inevitável apelo a lusodescen­dentes

Ke Quyen Lam é hoje o porta-estandarte e as ambições portuguesa­s continuam a ser modestas

- FREDERICO BÁRTOLO

Arthur Hansen tem 24 anos e repete a presença nos Jogos Olímpicos de Inverno por Portugal. Já Ke Quyen Lam vai estrear-se e levará hoje a bandeira, na Cerimónia de Abertura. Será a oitava presença portuguesa em Jogos de Inverno, quarta consecutiv­a, e o 21.º lugar de Mafalda Pereira no esqui freestyle, em 1998, continua a ser posição mais alta.

Hansen é lusodescen­dente, mas sublinha que o amor pelas Quinas ultrapassa fronteiras: “Sou mais português do que francês. As pessoas agradecem-me por representa­r Portugal, sabendo que não existe tanta tradição dos desportos de neve.” Igualando Danny Pinto como único a ir a dois Jogos seguidos, quer melhorar os desempenho­s no slalom e slalomgiga­nte.EmSochi’2014 desistiu em ambas. “Estou mais maduro. Trabalho há quatro anos para dar o melhor a Portugal e penso que um top 50 seria bom”, confessou. Professor numa estância de esqui em França, afirma querer aportar essa experiênci­a para a Serra da Estrela. “Tenho apoios do Comité Olímpico Internacio­nal fora do período dos Jogos, além dos patrocinad­ores, mas não é fácil. Um dia, quero ensinar esqui em Portugal”, garante.

Nascido em Macau, quando o território ainda era português, Ke Quyen Lam emigrou com os pais para o Canadá após o período conturbado da guerra do Vietname. Em Portugal esteve uma vez até à partida para PyeongChan­g. “Foi em 2007, andava a viajar e a surfar. Fui por dois dias voluntário numa farmácia no Baleal [Peniche]. Nunca estive na Estrela para esquiar”, refere, enunciando as suas expectativ­as para os 15 km de cross-country: “Quero esquiar com boa técnica, fazer a minha própria corrida, porque há uma batalha pessoal. É um percurso difícil, mas acredito que irá ser divertido.” Chegou a tentar os Jogos via snowboard, mas uma lesãonoomb­rotirou-lheapossib­ilidade. Abraçou o crosscount­ry “sem dores” e de sorriso fácil. “Pode ser difícil chegaraatl­etaolímpic­oparaquem não tenha treino, mas a perícia de cair no snowboard ajudoume. Lesionar-me e falhar a qualificaç­ão para Sochi fez parte da jornada. Os Jogos Olímpicos estavam no meu caminho”, concretiza.

Arthur Hansen

Ke Quyen Lam

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