“Os outros que pensem no trabalho deles”
Confrontado com o momento atual de FC Porto e Sporting, o treinador do Benfica recusou falar em crise ou instabilidade e assegura que nem pensa nisso, já que só olha para dentro
“Isolo tudo o que possa desgastar, porque isso é tirar percentagens do êxito” “Não mudamos o nosso discurso por os adversários terem perdido ou ganho”
Rui Vitória
Treinador do Benfica
Timoneiro dos encarnados relativiza maior número de desafios a disputar pelos adversários diretos, até porque os encarnados já tiveram sucesso quando se depararam com situações semelhantes
Na antevisão do duelo desta noite com o Portimonense, que pode colocar o Benfica no primeiro lugar à condição, Rui Vitória diz que as águias não alteram o discurso pelos resultados dos opositores diretos.
Em função do maior número de jogos dos rivais, o Benfica pode tirar proveito disso?
—Não há nenhuma tese carimbada que diga que jogar menos ou mais é a receita do sucesso. Basta olhar para o nosso passado recente. O Pizzi foi o melhor jogador do campeonato passado e fez 55 jogos. O estado de forma não se vê por aquilo que os jogadores correm, é algo mais global. Se me perguntarem se vai ser determinante como se gere um contexto ou outro, acredito que sim. Às vezes, onde se tem desvantagem do ponto de vista físico pode ter-se vantagem do ponto de vista mental. Não há nada escrito que diga que quem joga mais está mais cansado. Basta olhar para os campeonatos anteriores e perceber isso.
Como se vivem os períodos de crise e instabilidade dos adversários diretos na corrida pelo título?
—Alto, alto, alto... Crise e instabilidade não fui eu que disse. Como acho que não é o que se passa, não vou abordar a questão. O nosso foco somos nós mesmos. Isso é da vida dos outros clubes e não tenho autoridade para me meter no trabalho dos outros clubes. Não sei se estão com crise ou menos crise; o foco é o Sport Lisboa e Benfica e ponto final. Daqui a bocado cria-se a ideia de que o Rui Vitória falou em instabilidade – isso não é nada comigo.
O Sporting não venceu os dois últimos jogos. O Benfica pode tirar dividendos disso?
—Faltam 13 batalhas. De nada serve estarmos agora preocupados com o trabalho dos outros. O nosso foco tem de estar exclusivamente em nós. Muitas vezes acontece pensarmos, nas férias, ‘se temos ganho aquele jogo...’ e não queremos pensar nas férias, mas no dia a dia e no próximo jogo. Em Portugal, quando uma equipa ganha um jogo, diz-sequeéa melhor, sem se estar interessado em perceber o porquê de ter ganho. Depois, uma equipa perde um jogo e está tudo mal ... As equipas têm caminhos mais favoráveis e desfavoráveis, e até ao final do campeonato a luta pelo ponto vai ser difícil. Não mudamos o discurso por os adversários terem perdido ou ganho, temos de olhar para nós. A nossa identidade e personalidade está cá. As outras equipas que pensem no trabalho delas. Nisso sou muito claro, porque isolo tudo o que seja para me desgastar a mim e aos meus jogadores; o que nos possa desgastar é tirar percentagens do êxito. Todo o nosso foco é pouco para um jogo de alta competição. É focar no nosso jogo e ponto final.