O Jogo

“Os outros que pensem no trabalho deles”

Confrontad­o com o momento atual de FC Porto e Sporting, o treinador do Benfica recusou falar em crise ou instabilid­ade e assegura que nem pensa nisso, já que só olha para dentro

- PAULO NUNES TEIXEIRA

“Isolo tudo o que possa desgastar, porque isso é tirar percentage­ns do êxito” “Não mudamos o nosso discurso por os adversário­s terem perdido ou ganho”

Rui Vitória

Treinador do Benfica

Timoneiro dos encarnados relativiza maior número de desafios a disputar pelos adversário­s diretos, até porque os encarnados já tiveram sucesso quando se depararam com situações semelhante­s

Na antevisão do duelo desta noite com o Portimonen­se, que pode colocar o Benfica no primeiro lugar à condição, Rui Vitória diz que as águias não alteram o discurso pelos resultados dos opositores diretos.

Em função do maior número de jogos dos rivais, o Benfica pode tirar proveito disso?

—Não há nenhuma tese carimbada que diga que jogar menos ou mais é a receita do sucesso. Basta olhar para o nosso passado recente. O Pizzi foi o melhor jogador do campeonato passado e fez 55 jogos. O estado de forma não se vê por aquilo que os jogadores correm, é algo mais global. Se me perguntare­m se vai ser determinan­te como se gere um contexto ou outro, acredito que sim. Às vezes, onde se tem desvantage­m do ponto de vista físico pode ter-se vantagem do ponto de vista mental. Não há nada escrito que diga que quem joga mais está mais cansado. Basta olhar para os campeonato­s anteriores e perceber isso.

Como se vivem os períodos de crise e instabilid­ade dos adversário­s diretos na corrida pelo título?

—Alto, alto, alto... Crise e instabilid­ade não fui eu que disse. Como acho que não é o que se passa, não vou abordar a questão. O nosso foco somos nós mesmos. Isso é da vida dos outros clubes e não tenho autoridade para me meter no trabalho dos outros clubes. Não sei se estão com crise ou menos crise; o foco é o Sport Lisboa e Benfica e ponto final. Daqui a bocado cria-se a ideia de que o Rui Vitória falou em instabilid­ade – isso não é nada comigo.

O Sporting não venceu os dois últimos jogos. O Benfica pode tirar dividendos disso?

—Faltam 13 batalhas. De nada serve estarmos agora preocupado­s com o trabalho dos outros. O nosso foco tem de estar exclusivam­ente em nós. Muitas vezes acontece pensarmos, nas férias, ‘se temos ganho aquele jogo...’ e não queremos pensar nas férias, mas no dia a dia e no próximo jogo. Em Portugal, quando uma equipa ganha um jogo, diz-sequeéa melhor, sem se estar interessad­o em perceber o porquê de ter ganho. Depois, uma equipa perde um jogo e está tudo mal ... As equipas têm caminhos mais favoráveis e desfavoráv­eis, e até ao final do campeonato a luta pelo ponto vai ser difícil. Não mudamos o discurso por os adversário­s terem perdido ou ganho, temos de olhar para nós. A nossa identidade e personalid­ade está cá. As outras equipas que pensem no trabalho delas. Nisso sou muito claro, porque isolo tudo o que seja para me desgastar a mim e aos meus jogadores; o que nos possa desgastar é tirar percentage­ns do êxito. Todo o nosso foco é pouco para um jogo de alta competição. É focar no nosso jogo e ponto final.

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