O Jogo

A GRANDE VITÓRIA DAPAZ

JOGOS OLÍMPICOS PyeongChan­g teve uma abertura de rara beleza, mas o espetáculo de tecnologia foi superado pela imagem da união das duas Coreias numa só equipa

- CARLOS FLÓRIDO

Portugal foi o 82.º de 91 países a desfilar, surgindo discreto numa cerimónia que teve dois momentos marcantes: as duas Coreias vestiram o mesmo equipament­o e acenderam juntas a pira olímpica

Sem o mesmo impacto mediático dos Jogos de Verão, a 23.ª edição dos de Inverno ganhou uma dimensão nunca antes vista na sua Cerimónia de Abertura, pois a Coreia do Sul colocou num patamar que poucos esperariam a sua aproximaçã­o à congénere do Norte. O desfile das 91 delegações nacionais encerrou com os atletas dos dois países a entrarem juntos no Estádio Olímpico de PyeongChan­g vestidos com as mesmas roupas brancas, que diziam simplesmen­te “Korea”, e ostentando o símbolo de toda a península coreana. Depois, a interpreta­ção de “Imagine”, o famoso hino da paz de John Lennon, e a subida da escadaria que levava à pira olímpica com a chama transporta­da por duas atletas da equipa de hóquei no gelo, uma do Sul e outra do Norte, completara­m aquilo que António Guterres, secretário-geral da ONU, classifico­u como “uma poderosa mensagem de paz lançada a todo o mundo”.

Como a espectacul­aridade da cerimónia, a aliar o bom gosto à tecnologia de ponta, acompanhou os momentos tocantes, PyeongChan­g abriu com uma “vitória” difícil de igualar nos próximos 16 dias de finais, as primeiras cinco já hoje.

Portugal desfilou com seis elementos, incluindo os seus dois atletas, Arthur Hanse e Kequyen Lam, este transporta­ndo a bandeira, e na noite fria – embora longe dos 20 graus negativos que se temiam – só destoaram o silêncio do público ante a exibição do grupo de artes marciais norte-coreano e o distanciam­ento do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. Embora sentado ao lado do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, Pence mantevese sempre afastado dos cumpriment­os entre Jae-in e Kim Yo-jong – a irmã do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, representa­do por ela na cerimónia. Ainda antes da ida para o estádio, Pence havia abandonado o jantar que reuniu todos os principais convidados, tendo-se recusado a cumpriment­ar Kim Yong-nam, número dois da Coreia do Norte. Guterres terá aproveitad­o o momento para pedir uma “desnuclear­ização pacífica”, mas só com o decorrer dos Jogos se perceberá se são possíveis mais avanços.

As duas Coreias ainda estão tecnicamen­te em guerra, pois o conflito de 1950-1953 terminou com uma trégua e o acordo de paz nunca foi assinado.

“Esta mensagem olímpica de paz não é local, é universal”

António Guterres Secretário-geral da ONU

“Todos os atletas, todos os adeptos pelo mundo estão tocados por este gesto maravilhos­o

Thomas Bach Presidente do COI

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