Sai um voucher encarnado para Bruno de Carvalho
Ocampeonato soma e segue, com três candidatos ao título e um deles a mostrar até agora que está uns bons furos acima dos outros no que ao futebol jogado diz respeito. Não é apenas uma questão estatística de quem, à entrada para esta jornada, mesmo com um jogo a menos, tinha mais pontos, mais golos marcados e menos golos sofridos. É também a verdade de quem leva vantagem nas meiasfinais da Taça de Portugal, sabendo que falta a segunda mão em Alvalade, e de quem prestigia o país tendo de jogar na Liga dos Campeões contra o Liverpool.
Onde o FC Porto está muito atrasado é na capacidade de gerar confusão como aquela que se instalou na Segunda Circular. Por aquelas bandas, enquanto se multiplicam as notícias sobre os vouchers e os emails que a Polícia Judiciária e o Ministério Público estão a investigar, há outros que entram em autofagia, ajudando a passar para segundo plano informação preocupante para quem diz defender a verdade desportiva.
Não me interessa, como adepto do FC Porto, o que pretende Bruno de Carvalho mudar nos estatutos e no regulamento disciplinar do clube a que preside. Retenho o que disse o sportinguista António Macedo, que recordou que, com estas alterações já aprovadas, Bruno de Carvalho não teria podido ser candidato à presidência do clube. O que não consigo perceber é a opção de avançar agora com este processo, criando uma grande confusão no clube, chantageando os sócios para continuar presidente.
A verdade é que enquanto o Sporting anda por estes caminhos, o Benfica vai passando entre os pingos da chuva e mal se repara no caminho que vai levando a investigação dos emails. Começa pelo facto de ter havido mais uma busca às instalações no Estádio da Luz e, bastante mais grave, por o Ministério Público ter aberto uma investigação para identificar o responsável por uma alegada fuga de informação para o Benfica
Enquanto o Sporting anda por estes caminhos, o Benfica passa entre os pingos da chuva e mal se repara na investigação dos emails
sobre os processos em que o clube está a ser investigado. Nem mais, a PJ tem suspeitas de que há um funcionário do TIC que “terá passado ilegalmente diversas peças processuais do inquérito em curso no DIAP”. Os documentos confidenciais são todos relacionados com o caso dos emails. Percebe-se porque se dizem os responsáveis do Benfica tranquilos com este caso.
Pela ajuda que vai dando aos rivais, Bruno de Carvalho já merecia um voucher para ir jantar ao Estádio da Luz. Enquanto o presidente do Sporting vai dando este espetáculo, no outro lado da Segunda Circular respira-se de alívio. Com a Imprensa desportiva pouco interessada em dar destaque ao caso dos emails, se de Alvalade só sai disparate menos ainda se fala do que interessa. Ontem, de Portimão, lá veio mais uma ajuda, quer dizer duas. Com o jogo empatado, aos 69 minutos, a equipa de arbitragem assinalou um fora de jogo inexistente numa jogada em que o avançado do Portimonense ficava isolado. Como se não chegasse, a falta assinalada que deu o segundo golo ao Benfica não existe. Assim vão andando na luta pelo título. E Bruno de Carvalho vai ajudando a desviar as atenções. Parabéns, é de uma grande eficácia.