“Com VAR erros reduziram a 1%”
O responsável pelo videoárbitro na Serie A italiana tem lutado contra críticas e polémicas e faz um balanço positivo, considerando que os adeptos “gostam de um futebol mais justo”
Na Serie A, a estreia do VAR foi corajosa com um penálti contra a Juventus logo na primeira jornada. Na seguinte, repetiu-se o penálti contra a hexacampeã, mas desta vez com um erro evitável, já que o árbitro não notou um fora de jogo de um jogador do Génova no início da ação. Um erro que lançou as primeiras dúvidas sobre este sistema que continua “em evolução”, frisa o responsável pelo videoárbitro em Itália, Roberto Rosetti. Depois de um período sereno, em que o VAR parecia ter conquistado mesmo os mais céticos, há duas jornadas, o golo de Cutrone com o cotovelo, na vitória do Milan sobre a Lázio, reacendeu as polémicas. As imagens que evidenciavam o toque na bola com cotovelo ficaram disponíveis quase 20’ depois do golo, mas para o antigo árbitro internacional, hoje com 50 anos, não é possível pensar que o VAR irá impedir todos os erros.
O que falhou na análise do erro no golo do Cutrone e o que é que pode ser feito para evitar estes golos irregulares?
—Nunca falo de casos particulares. Sabemos que podemos fazer melhor, mas não podemos voltar atrás. O balanço destes primeiros meses é muito positivo. Temos de melhorar alguns aspetos, mas os treinadores estão satisfeitos, houve uma diminuição importante do erro arbitral e os adeptos gostamdeverestefutebolmais justo. É importante lembrar que o VAR foi implementado para eliminar os erros evidentes do jogo de futebol, aqueles que numa repetição de TV todos nós podemos verificar, mas que muitas vezes o árbitro não vê e realmente determinam umresultadodiferentedojogo. Mas não pode evitar todos os erros possíveis deste desporto, que é um jogo suscetível de interpretações, não é como o ténis em que a bola bate dentro ou fora.
Consegue quantificar a diminuição do erro e quantos resultados foram alterados pelo uso do VAR?
—Na primeira parte do campeonato, a percentagem Em modalidades como o futebol americano, os treinadores têm oportunidade de pedir diretamente ao árbitro a análise de imagens, o que é conhecido por “challenge”. Em Itália há técnicos que defendem essa possibilidade, mas Roberto Rosetti esclarece: “O videoárbitro faz parte de um protocolo que, neste momento, não prevê o chamado ‘challenge’ aos treinadores. No final da temporada, vamos fazer uma análise detalhada da época e de todos os pedidos, mas neste momento temos de trabalhar com as regras que temos.”
“O protocolo não prevê o chamado ‘challenge’”
de erro passou de 5,5 por cento sem o VAR para um por cento com o VAR. É uma margem muito reduzida para um jogo de futebol. Temos um dado importante no que respeita às decisõesalteradascomoVARque, desde o início do campeonato até à paragem de janeiro, foram 60 no total. Destas, 43 foram diretamente visionadas pelo árbitro no campo, as restante 17 situações foram alteradas diretamente pelo VAR e comunicadas ao árbitro.
É um sistema em evolução, quais foram as alterações feitas desde o início do campeonato até agora?
—Estamos em constante evolução, porque testar o VAR num jogo particular ou num sistema offline não é a mesma coisa que usá-lo em jogos de campeonato. A redução do tempo de revisão é um ponto importante que conseguimos melhorar. No início, os tempos
Até à paragem de janeiro foram alteradas 60 decisões na Serie A por intervenção do VAR
“O VAR foi implementado para eliminar os erros evidentes do jogo, aqueles que numa repetição de TV todos podemos verificar”
“A redução do tempo de revisão é um ponto importante que conseguimos melhorar”
“Todos estão de acordo que este sistema favorece o nosso futebol, diminui largamente o erro e beneficia clubes e adeptos”
para a revisão de um lance eram mais longos e isso afetava a emoção do jogo. Hoje posso dizer que conseguimos diminuir o tempo do “silent check” (quando o árbitro pede o auxilio do VAR) de 1’22” para 29”. E quando o árbitro, depois de consultar o VAR, vai visualizar a ação, passou de 2’35” para 1’15”. É um dado importante.
Mesmo assim ainda há alguns treinadores e diretores de clubes que criticam o VAR por influenciar a emoção. O que é que ainda pode ser feito?
—Estivemos reunidos em janeiro com todos os treinadores da Serie A e não tivemos reclamações. Todos concordam que este sistema favorece o nosso futebol, diminui largamente o erro e beneficia clubes e adeptos, mas estamos a discutir e a recolher impressões para aperfeiçoá-lo nos próximos meses.