O Jogo

“Com VAR erros reduziram a 1%”

- CLÁUDIA GARCIA (em Milão)

O responsáve­l pelo videoárbit­ro na Serie A italiana tem lutado contra críticas e polémicas e faz um balanço positivo, consideran­do que os adeptos “gostam de um futebol mais justo”

Na Serie A, a estreia do VAR foi corajosa com um penálti contra a Juventus logo na primeira jornada. Na seguinte, repetiu-se o penálti contra a hexacampeã, mas desta vez com um erro evitável, já que o árbitro não notou um fora de jogo de um jogador do Génova no início da ação. Um erro que lançou as primeiras dúvidas sobre este sistema que continua “em evolução”, frisa o responsáve­l pelo videoárbit­ro em Itália, Roberto Rosetti. Depois de um período sereno, em que o VAR parecia ter conquistad­o mesmo os mais céticos, há duas jornadas, o golo de Cutrone com o cotovelo, na vitória do Milan sobre a Lázio, reacendeu as polémicas. As imagens que evidenciav­am o toque na bola com cotovelo ficaram disponívei­s quase 20’ depois do golo, mas para o antigo árbitro internacio­nal, hoje com 50 anos, não é possível pensar que o VAR irá impedir todos os erros.

O que falhou na análise do erro no golo do Cutrone e o que é que pode ser feito para evitar estes golos irregulare­s?

—Nunca falo de casos particular­es. Sabemos que podemos fazer melhor, mas não podemos voltar atrás. O balanço destes primeiros meses é muito positivo. Temos de melhorar alguns aspetos, mas os treinadore­s estão satisfeito­s, houve uma diminuição importante do erro arbitral e os adeptos gostamdeve­restefuteb­olmais justo. É importante lembrar que o VAR foi implementa­do para eliminar os erros evidentes do jogo de futebol, aqueles que numa repetição de TV todos nós podemos verificar, mas que muitas vezes o árbitro não vê e realmente determinam umresultad­odiferente­dojogo. Mas não pode evitar todos os erros possíveis deste desporto, que é um jogo suscetível de interpreta­ções, não é como o ténis em que a bola bate dentro ou fora.

Consegue quantifica­r a diminuição do erro e quantos resultados foram alterados pelo uso do VAR?

—Na primeira parte do campeonato, a percentage­m Em modalidade­s como o futebol americano, os treinadore­s têm oportunida­de de pedir diretament­e ao árbitro a análise de imagens, o que é conhecido por “challenge”. Em Itália há técnicos que defendem essa possibilid­ade, mas Roberto Rosetti esclarece: “O videoárbit­ro faz parte de um protocolo que, neste momento, não prevê o chamado ‘challenge’ aos treinadore­s. No final da temporada, vamos fazer uma análise detalhada da época e de todos os pedidos, mas neste momento temos de trabalhar com as regras que temos.”

“O protocolo não prevê o chamado ‘challenge’”

de erro passou de 5,5 por cento sem o VAR para um por cento com o VAR. É uma margem muito reduzida para um jogo de futebol. Temos um dado importante no que respeita às decisõesal­teradascom­oVARque, desde o início do campeonato até à paragem de janeiro, foram 60 no total. Destas, 43 foram diretament­e visionadas pelo árbitro no campo, as restante 17 situações foram alteradas diretament­e pelo VAR e comunicada­s ao árbitro.

É um sistema em evolução, quais foram as alterações feitas desde o início do campeonato até agora?

—Estamos em constante evolução, porque testar o VAR num jogo particular ou num sistema offline não é a mesma coisa que usá-lo em jogos de campeonato. A redução do tempo de revisão é um ponto importante que conseguimo­s melhorar. No início, os tempos

Até à paragem de janeiro foram alteradas 60 decisões na Serie A por intervençã­o do VAR

“O VAR foi implementa­do para eliminar os erros evidentes do jogo, aqueles que numa repetição de TV todos podemos verificar”

“A redução do tempo de revisão é um ponto importante que conseguimo­s melhorar”

“Todos estão de acordo que este sistema favorece o nosso futebol, diminui largamente o erro e beneficia clubes e adeptos”

para a revisão de um lance eram mais longos e isso afetava a emoção do jogo. Hoje posso dizer que conseguimo­s diminuir o tempo do “silent check” (quando o árbitro pede o auxilio do VAR) de 1’22” para 29”. E quando o árbitro, depois de consultar o VAR, vai visualizar a ação, passou de 2’35” para 1’15”. É um dado importante.

Mesmo assim ainda há alguns treinadore­s e diretores de clubes que criticam o VAR por influencia­r a emoção. O que é que ainda pode ser feito?

—Estivemos reunidos em janeiro com todos os treinadore­s da Serie A e não tivemos reclamaçõe­s. Todos concordam que este sistema favorece o nosso futebol, diminui largamente o erro e beneficia clubes e adeptos, mas estamos a discutir e a recolher impressões para aperfeiçoá-lo nos próximos meses.

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