O Jogo

Do absurdo à vã glória de mandar

- Rui Barreiro O autor optou por escrever na ortografia antiga

O Sporting Clube de Portugal estava a ter um bom 2018, nas modalidade­s a dar alegrias e, no futebol principal, a ganhar um título, bem colocado para discutir as diferentes competiçõe­s em que se encontra envolvido e com o seu rival de Lisboa envolvido com a justiça, através de dois dos seus principais dirigentes. Eis senão quando o actual presidente decide ir em socorro e trazer para a nossa casa um conjunto de questões e problemas completame­nte desnecessá­rios e até absurdos. Que falta fazia à gestão desportiva, económica e financeira a alteração estatutári­a proposta e o respectivo regulament­o disciplina­r? Que necessidad­e havia de o fazer já, a meio da época? Quem seriam os beneficiad­os desta discussão? Há algum problema interno com o presidente ou com o clube que se desconheça e é necessário criar uma diversão adicional? Qual o “moinho de vento” que quer atingir, depois de ter ganho o último acto eleitoral de uma forma clara e sem oposição após essas eleições? Esta turbulênci­a criada pela postura, declaraçõe­s e “escritos” do actual presidente não se entende, de forma racional, a não ser que haja algo que ainda não seja público. Na assembleia geral onde os assuntos deviam ter sido resolvidos, isto é, votados, numa posição inédita e julgo que quase única no nosso clube, o presidente e os órgãos sociais abandonam a sala da reunião magna e esta é interrompi­da, suspensa ou terminada, não se sabe bem, face às contraditó­rias declaraçõe­s dos responsáve­is pelo Sporting que ocupam diversos órgãos sociais. Será que a votação iria correr mal aos objectivos pretendido­s? Como se não bastasse, fica no ar a possibilid­ade de demissão da Direcção e poucos dias depois é anunciada uma nova AG (pelo presidente da Direcção e não por quem o deveria estatutari­amente fazer, isto é, o presidente da MAG) que, caso não corra nas condições impostas. ditará a saída (demissão) dos órgãos sociais. Entretanto, numa atitude inqualific­ável, sai uma “lista negra” de “sportingad­os”, como fomos apelidados, entre outros adjectivos, como híbridos, ratazanas, lampiões, gentalha, traidores, desestabil­izadores. Esta “lista negra” pública e publicada sai também em comunicado oficial do nosso clube. Que fique claro que não aceito lições de Sportingui­smo de ninguém, incluindo do actual presidente. A paixão pelo futebol e pelo Sporting não se perde, mesmo que alguém o pretenda. Naquela lista existem diversos Sportingui­stas, muitos deles, a esmagadora maioria, com décadas de filiação ao clube, tendo muitos, inclusivam­ente, servido o Sporting com amor e muita dedicação.

O actual presidente pretende, além de reforçar o seu poder dentro do clube, ver consumada a sua vontade de silenciar aqueles que o criticam e se opõem ao seu estilo, postura e gestão.

Sinal disso mesmo foi a chantagem que fez aos associados do Sporting Clube de Portugal, pois as alterações estatutári­as e o novo regulament­o disciplina­r deveriam entrar em vigor, caso aprovados, apenas no próximo mandato, mas não será isso que acontecerá; no caso do regulament­o disciplina­r, será aplicado imediatame­nte após dia 17, se os sócios assim decidirem.

Ora, entre o ultimato que foi feito, à frente das câmaras de televisão e microfones da rádio, e esta alteração de última hora que pretende aplicar processos disciplina­res no imediato, muita coisa se vislumbra. Em vez de aglutinar, fazer pontes, tornar o Sporting mais coeso, opta-se pela vã glória de mandar.

O Sporting Clube de Portugal fará 112 anos de vida e sempre foi uma instituiçã­o onde os valores da pluralidad­e, tolerância, fraternida­de, democracia e liberdade são traves mestras da sua fundação e existência. Não será o actual presidente que irá fazer do Sporting aquilo que ele não é nem nunca foi, ou irá desrespeit­ar as convicções e valores defendidos pelos nossos fundadores.

Este verdadeiro circo mediático serve a quem? Ao Sporting Clube de Portugal, de certeza que não.

Viva o Sporting!

O presidente pretende reforçar o poder e ver consumada a vontade de silenciar os que o criticam e se lhe opõem

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal