Do absurdo à vã glória de mandar
O Sporting Clube de Portugal estava a ter um bom 2018, nas modalidades a dar alegrias e, no futebol principal, a ganhar um título, bem colocado para discutir as diferentes competições em que se encontra envolvido e com o seu rival de Lisboa envolvido com a justiça, através de dois dos seus principais dirigentes. Eis senão quando o actual presidente decide ir em socorro e trazer para a nossa casa um conjunto de questões e problemas completamente desnecessários e até absurdos. Que falta fazia à gestão desportiva, económica e financeira a alteração estatutária proposta e o respectivo regulamento disciplinar? Que necessidade havia de o fazer já, a meio da época? Quem seriam os beneficiados desta discussão? Há algum problema interno com o presidente ou com o clube que se desconheça e é necessário criar uma diversão adicional? Qual o “moinho de vento” que quer atingir, depois de ter ganho o último acto eleitoral de uma forma clara e sem oposição após essas eleições? Esta turbulência criada pela postura, declarações e “escritos” do actual presidente não se entende, de forma racional, a não ser que haja algo que ainda não seja público. Na assembleia geral onde os assuntos deviam ter sido resolvidos, isto é, votados, numa posição inédita e julgo que quase única no nosso clube, o presidente e os órgãos sociais abandonam a sala da reunião magna e esta é interrompida, suspensa ou terminada, não se sabe bem, face às contraditórias declarações dos responsáveis pelo Sporting que ocupam diversos órgãos sociais. Será que a votação iria correr mal aos objectivos pretendidos? Como se não bastasse, fica no ar a possibilidade de demissão da Direcção e poucos dias depois é anunciada uma nova AG (pelo presidente da Direcção e não por quem o deveria estatutariamente fazer, isto é, o presidente da MAG) que, caso não corra nas condições impostas. ditará a saída (demissão) dos órgãos sociais. Entretanto, numa atitude inqualificável, sai uma “lista negra” de “sportingados”, como fomos apelidados, entre outros adjectivos, como híbridos, ratazanas, lampiões, gentalha, traidores, desestabilizadores. Esta “lista negra” pública e publicada sai também em comunicado oficial do nosso clube. Que fique claro que não aceito lições de Sportinguismo de ninguém, incluindo do actual presidente. A paixão pelo futebol e pelo Sporting não se perde, mesmo que alguém o pretenda. Naquela lista existem diversos Sportinguistas, muitos deles, a esmagadora maioria, com décadas de filiação ao clube, tendo muitos, inclusivamente, servido o Sporting com amor e muita dedicação.
O actual presidente pretende, além de reforçar o seu poder dentro do clube, ver consumada a sua vontade de silenciar aqueles que o criticam e se opõem ao seu estilo, postura e gestão.
Sinal disso mesmo foi a chantagem que fez aos associados do Sporting Clube de Portugal, pois as alterações estatutárias e o novo regulamento disciplinar deveriam entrar em vigor, caso aprovados, apenas no próximo mandato, mas não será isso que acontecerá; no caso do regulamento disciplinar, será aplicado imediatamente após dia 17, se os sócios assim decidirem.
Ora, entre o ultimato que foi feito, à frente das câmaras de televisão e microfones da rádio, e esta alteração de última hora que pretende aplicar processos disciplinares no imediato, muita coisa se vislumbra. Em vez de aglutinar, fazer pontes, tornar o Sporting mais coeso, opta-se pela vã glória de mandar.
O Sporting Clube de Portugal fará 112 anos de vida e sempre foi uma instituição onde os valores da pluralidade, tolerância, fraternidade, democracia e liberdade são traves mestras da sua fundação e existência. Não será o actual presidente que irá fazer do Sporting aquilo que ele não é nem nunca foi, ou irá desrespeitar as convicções e valores defendidos pelos nossos fundadores.
Este verdadeiro circo mediático serve a quem? Ao Sporting Clube de Portugal, de certeza que não.
Viva o Sporting!
O presidente pretende reforçar o poder e ver consumada a vontade de silenciar os que o criticam e se lhe opõem