O Jogo

Diferentes maneiras de suspirar

- carlos.machado@ojogo.pt

Elevados à condição de espécimes raros, os pontas de lança são os jogadores mais capazes de fazer suspirar adeptos, dirigentes e, principalm­ente, treinadore­s, mas há diferentes formas de o fazer. Veja-se o exemplo dos grandes. Jorge Jesus suspira em tom angustiado pelo regresso de Bas Dost. Doumbia vale mais do que aquilo que mostra, está a passar por uma crise de confiança e a sorte também não tem estado pelo lado dele. Frente ao Feirense, marcou um golo redentor, mas o VAR desfez-lhe a proeza, com reflexos evidentes no rendimento imediato, pois só por ansiedade suprema um avançado experiente consegue estar frente ao guarda-redes e atirar disparatad­amente ao lado, como lhe aconteceu na segunda parte. E fica a pairar uma ideia: com Bas Dost em campo, a muralha do Feirense teria caído mais facilmente e o Sporting teria disputado uma partida descansada e sem pressão, como desejava em semana de regresso à Europa com viagem longa. Rui Vitória começou por engolir em seco, mas depois suspirou de alívio ao perceber que a lesão de Jonas não é grave. Para além das provas dadas noutras ocasiões por Jiménez e por Seferovic, é no brasileiro que o treinador mais confia e a espera por ele será, mesmo assim, ansiosa e preocupada. Também a suspirar, mas de felicidade, estará Sérgio Conceição. A fadiga muscular de Aboubakar poderia ter sido uma preocupaçã­o, mas transformo­u-se em contraried­ade ligeira dada a resposta de Soares. O brasileiro não estava fadado para ser suplente, mas as lesões e o rendimento de Aboubakar e Marega atiraram-no para o banco quando ficou disponível. A ansiedade levou-o ao descontrol­o emocional na meia-final da Taça da Liga, porque entretanto já tinha chegado Waris para complicar as contas. O destempero verbal quase o atirou pela borda fora, Gonçalo Paciência regressou, mas Sérgio Conceição fez bingo quando não o excluiu, deixando-lhe a decisão de partir ou ficar. Ficou, talvez com dúvidas, mas acalmou-se quando foi titular com o Sporting e percebeu que continuava a contar. Depois de Chaves, o técnico já nem suspira. Só terá de decidir entre mantê-lo a titular com o Liverpool ou voltar a Aboubakar.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal