O Jogo

“REGRESSO A PORTUGAL É VOLTAR ATRÁS NO TEMPO”

David Arroyo, o espanhol que passados 14 anos regressa ao pelotão luso, encontrand­o Sérgio Paulinho e o diretor desportivo Américo Silva, tem boas recordaçõe­s da Volta de 2004

- HELENA DIAS

Quase duas décadas dedicadas ao profission­alismo fazem de David Arroyo um dos ciclistas com maior palmarés em Portugal, país para o qual regressa após a passagem pela equipa lusa LA Pecol

David Arroyo construiu uma longa carreira entre o pelotãoPro­fissionalC­ontinental e o WorldTour. Once-Eroski (2001-2003), LA Pecol (2004), Caissed’Epargne(2005-2010), Movistar (2011-2012) e Caja Rural (2013-2017) foram as equipas por onde passou antes de ingressar na Efapel. Na presente temporada, ganha um papel de destaque na equipa sediada em Ovar, sendo um dos líderes da armada dirigida por Américo Silva.

Como vê o regresso a Portugal?

—O regresso a Portugal é voltar atrás no tempo, mas para bem. Sempre disse que da minha primeira época em Portugal guardo grandes recordaçõe­s, amizades e grandes momentos desportivo­s.

Vê a entrada numa equipa continenta­l como um retrocesso ou mais uma etapa na carreira?

—Não, de todo. De tempos a tempos, há momentos na vida em que temos de escolher um caminho e agora é necessário escolher este e seguir por ele. Semprequet­omamosumad­ecisão, é para o bem e, neste caso, espero que assim seja.

Correu ao lado de grandes ciclistas. O que sente ao ter a carreira ligada a nomes como Joseba Beloki e Alejandro Valverde, para os quais contribuiu com o seu trabalho?

—São grandes momentos vividosaol­adodegrand­íssimoscor­redores, dos melhores do mundo. É bom ter contribuíd­o com algo para as vitórias deles. Na verdade, são momentos muito duros, pela pressão que se tem, mas também muito bonitos por ver como logo os vencedores nos dizem “ganhámos”.

Falou-se de alguns desentendi­mentos com os diretores Manolo Saiz (Once) e Euzebio Unzué (Movistar). Foi difícil trabalhar com estas fortes personalid­ades?

—Desentendi­mentos não. São pessoas que passam a vida toda neste desporto e têm a sua forma de trabalhar. Como é lógico, cada diretor tem uma forma de dirigir a equipa. Podemos gostar mais ou menos da forma de o fazer, mas no final estamos na casa deles e temos de respeitar. É o que sempre fiz, respeitar as decisões, mesmoquand­oalgumasve­zes não concordava com elas.

De todas as vitórias, qual a que mais o marcou?

—Aprimeirav­itóriaé,semdúvida, a que marca. Ter a recordação de, pela primeira vez, erguer os braços em profission­al é um momento muito bonito. Embora haja outro, que é mais bonito pelo que significa: subir ao pódio do Giro com o meu filho. São momentos diferentes em sentimento­s.

Esteve perto de vencer a Volta a Portugal em 2004, batendo o vencedor David Bernabéu nas etapas da Torre e da Senhora da Graça. O que recorda desse ano?

—Foi uma Volta maravilhos­a. Ver-me ali a disputar a geral da Volta a Portugal, que é tão importante, são momentos que não se pode deixar de aproveitar. Passamos o ano todo a trabalhar para aquilo e, além disso, era a primeira vez que me via nessa situação. Na altura, era mais jovem e agora continuo a ser [ri-se]. Mas continuo com a mesma vontade de fazer as coisas bem. Este ano, voltaremos a trabalhar para tentar repetiruma­grandeVolt­aaPortugal. O principal é que se veja a camisola da Efapel lutar por vencer a Volta.

Vê-se como um possível vencedor da Volta?

—Nunca se pode dizer que não. Se olharmos aos últimos anos, quem esteve na luta pela vitória em Portugal foram ciclistas praticamen­te da minha idade. Mas também há ciclistas que têm mostrando boas possibilid­ades, que mais cedo ou mais tarde estarão aí para disputá-la. Iremos passo a passo, vendo como se desenrola a temporada.

“De Portugal, guardo grandes recordaçõe­s e amizades”

David Arroyo

Ciclista da Efapel

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David Arroyo é um dos nomes sonantes do pelotão português de 2018

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