O Jogo

Klopp nunca caminhará só

O Liverpool é liderado por um treinador de eleição que, mesmo sem títulos, já conquistou os ingleses. De sábio e de louco todos temos um pouco, mas... este alemão tem muito mais.

- TIAGO BEATO

O trajeto de jogador mediano até conquistar a glória no Borússia Dortmund como treinador. Em Liverpool encontrou um clube à sua dimensão, que espera devolver à glória europeia

“Não quero descrever-me. Alguém nesta sala acha que posso fazer maravilhas? Não. Sou um tipo completame­nte normal. Vim da Floresta Negra. A minha mãe deve estar a ver isto pela televisão sem perceber uma palavra do que estou a dizer, mas muito orgulhosa. Sou o ‘Normal One’.” Estas palavras são de Jurgen Klopp (outubro de 2015), na sua apresentaç­ão como treinador do Liverpool. Para trás estava uma carreira na Alemanha em constante ascensão. Foi um“jogador mediano ”, como se descreve, embora ainda tenha marcado 52 golos em 337 jogos pelo Mainz e seja o atleta com mais aparições pela equipa na segunda divisão alemã. Começou como avançado e foi recuando no terreno até acabar como defesa-central, já um sinal da sua inteligênc­ia tática para perceber todas as posições do jogo.

“Tinha muitas boas ideias, mas não tinha talento futebolíst­ico para concretizá-las. Isso magoava-o tanto que às vezes era preciso chamá-lo à parte”, disse um dia Wolfgang Frank, treinador de Klopp no Mainz. O atual técnico do Liverpool rapidament­e impôs as suas ideias quando assumiu o comando da equipa em 2001 e uma das principais mudanças foi o sistema de marcação à zona usado em tempos por Frank, o seu mentor. Em sete temporadas à frente do Mainz, experiment­ou um pouco de tudo: pegou na equipa no segundo escalão, conseguiu a promoção no final da terceira época, participou na Liga Europa e desceu de divisão. Uma montanha-russa de resultados e emoções à qual estavam atentos os responsáve­is do Borússia Dortmund. Depois foram sete épocas na Renânia do Norte e a confirmaçã­o de um técnico talhadopar­a outros voos. Foi também quando chegaram os títulos, com destaque para o bis conseguido na Bundesliga entre 2010 e 2012. Klopp juntou ainda três Supertaças e uma Taça ao currículo, além de ter sido finalista vencido da Liga dos Campeões em 2013.

A cumprir o terceiro ano em Anfield, Klopp sabe que a luta pelo título da Premier League é hercúlea. O Liverpool não é campeão inglês desde 1990 e compete contra os poderosos Manchester City, Manchester United, Chelsea, Arsenal e Tottenham. Mas Klopp sentiu-se atraído pela “intensidad­e do futebol” que existe na cidade e, ao chegar ao clube, admitiu sentirse “um homem de sorte”.

Passar o FC Porto e devolver a glória europeia ao Liverpool, que os reds tão bem conheceram nas décadas 80 e 90 do século passado, é um dos objetivos do técnico alemão. Para isso sabe que é importante sair “vivo” do Dragão, porque na segunda mão vai contar com o apoio de mais de 50 mil adeptos no mítico Anfield. E, lá, sabe que nunca caminhará sozinho.

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O alemão conquistou os ingleses e procura devolver a glória ao Liverpool

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